segunda-feira, 10 de junho de 2024

Isso Foi um Estrondo? toma conta da Casa de Câmara e Cadeia de Brejo da Madre de Deus



Arte feita em casa, Pernambuco. Profusão em cadeia. Câmara de efusivas discussões de história, tradição e contemporaneidade. Isso Foi um Estrondo? é o resultado do Edital de Concurso nº 002/2023 – Ocupação das Salas de Exposições da Casa de Câmara e Cadeia de Brejo da Madre de Deus, município do Agreste Central, a 204 km da capital. O programa, com seis exposições de artes visuais, entra em cartaz neste sábado (15). A visitação para o público acontece, de 17 de junho a 30 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

O concurso é uma promoção do Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Nesta edição há seis propostas contempladas de dez artistas e uma curadora representantes de diversas cidades do Estado.

Performances, pinturas, produção têxtil, fotografias com técnicas seculares e interatividade marcam a pluralidade de produções artísticas e curatoriais emergentes e a consequente reflexão crítica que as acompanha em busca do fortalecimento da linguagem e do fomento da produção artística. O projeto também visa à ampliação do acesso ao espaço cultural.

"Estamos ampliando progressivamente os recursos para o fomento e incentivo das diversas linguagens culturais, com foco permanente na questão da democratização regional", afirma a secretária estadual de Cultura, Cacau de Paula. "É uma oportunidade tanto para o público agrestino prestigiar trabalhos incríveis, quanto para os artistas ampliarem as fronteiras de inserção de suas obras", salienta.

"Foi com muita satisfação que recebemos o resultado das propostas contempladas nesse edital. Artistas e obras formam um microcosmo da diversidade e pluralidade de nossas artes visuais representando municípios de diferentes regiões do estado", comemora a presidente da Fundarpe, Renata Borba.

"Isso Foi um Estrondo? estará aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Mas estamos à disposição para visitações previamente agendadas, inclusive aos sábados e domingos", avisa a gestora do equipamento, Mônica Mendonça.

*O EQUIPAMENTO –* A Casa de Câmara e Cadeia de Brejo da Madre de Deus foi construída em 1847, possivelmente com projeto do engenheiro francês Louis Vauthier, o mesmo responsável pelo projeto do Teatro de Santa Isabel, no Recife. A edificação segue a arquitetura neoclássica da época e o programa de prédios dessa natureza.

Atualmente ainda conseguimos compreender nos pavimentos as funções de Câmara (1º pavimento) e Cadeia (térreo), inclusive encontrando as camas dos detentos que cumpriam pena no edifício até a década de 1990.

O atual centro cultural dispõe de 18 ambientes que juntos somam 660 m² disponíveis para diversos tipos de atividades culturais. A Casa de Câmara e Cadeia de Brejo da Madre de Deus é um monumento tombado pela Fundarpe.

*Serviço:*

*Exposição de Artes Visuais Isso Foi um Estrondo? –* _Edital de Ocupação de Salas da Casa de Câmara e Cadeia do Brejo da Madre de Deus (Rua Maestro Tomás de Aquino, nº 60, bairro Nossa Senhora do Bom Conselho, Brejo da Madre de Deus-PE). Visitação: aberta ao público de 17 de junho a 30 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Entrada gratuita_

*MOSTRAS*

*O Coração do Boi*, de Íris Daniele Marcolino. Performance da artista visual agrestina Íris Marcolino, pesquisadora e artista do corpo que mergulhou no barro do Alto do Moura para se misturar com a terra. Os elementos da terra e do fogo compõe o corpo cênico da autora. A performance e sua instalação refletem a crise climática e alimentar que o mundo vive. Traz uma narrativa poética e cheia de delicadeza a partir do corpo.

*Nas Profundezas de Minha Superfície*, de Elvira Freitas. Recorte íntimo da obra da artista Elvira Freitas Lira e de sua experiência de existir com um furacão de sentimentos no fim do mundo abordando a doçura, a crueldade e a violência que convivem nessa experiência. Uma mostra de sentimentos e sobre intimidade que traz desde sua primeira pintura até a mais recente. Releituras religiosas, autorretratos e outros.

*A Sobrevivência dos Vaga-Lumes*, de Beatriz Arcoverde. Exposição coletiva com curadoria de Beatriz Arcoverde. Traz a diversidade da produção têxtil na arte contemporânea de Pernambuco. Faz alusão aos vaga-lumes como representantes das diversas formas de resistência da cultura, do pensamento e do corpo ante as luzes ofuscantes do poder, da mídia e da mercadoria e à obra do filósofo francês Georges Didi-Huberman.

*LAR Agreste*, de Mike Selva. Convite para enxergar a região por meio de diferentes perspectivas. Transporta o visitante para o coração do Agreste onde pode sentir o calor do Sol, o cheiro da terra e a vibração da vida local. É um lugar onde se vive, cria-se raízes e se encontra acolhimento. Algumas obras são uma representação realista das memórias de viver na região; outras revelam o imaginário do artista.

*A Fina Linha Vermelha de Rememoração*, de Ícaro Lira Galvão. Resultado da pesquisa mais recente de Ícaro Lira Galvão, que coleta descartes, como madeira e materiais fotográficos de sebos e antiquários. Explora temas como acúmulo, esquecimento e rememoração. Utiliza a técnica cianotipia, processo fotográfico manual do século 19 que usa materiais como café e ervas. Depois faz intervenções como rasgos, costuras e acoplagens.

*Eu O Outro*, de Fábio Santana. Propõe a possibilidade de “exposição outra” por meio de exercícios que ampliem a atenção para o real e sua verdade. Não a verdade sobre o real, mas a que sai do real. Os visitantes são convidados a participar da construção por meio do desenho. A princípio apresenta-se como algo individual, proposto pelo artista. Mas na verdade é uma exposição coletiva de maneira comunal e relacional.

_* As obras das mostras estão disponíveis para venda diretamente com os artistas._

*BIOGRAFIAS*

*Íris Daniele Marcolino* é artista visual e pesquisadora, com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fez do Alto do Moura, onde vive, sua morada há mais de oito anos e desenvolve sua pesquisa entre o barro e o corpo. É a artista responsável pelos corações de íris que representam a base de seus resultados de pesquisa no barro a partir do corpo.

*Elvira Freitas* é pintora autodidata desde a infância. De Arcoverde (PE), aos 19 anos ingressou no curso de aquarela de Pink Wainer, que a contratou como assistente. Participou de exposições no Recife e em São Paulo. Em 2024 foi indicada ao Prêmio Pipa. Trabalha com pintura figurativa em acrílica e a óleo usando técnicas mistas com colagem, escritos e poesias. Sua obra aborda situações do universo feminino contemporâneo e retrata a dualidade que permeia a experiência de ser mulher explorando doçura e violência. A influência da cultura popular nordestina resulta em pop art sertaneja.

*Beatriz Arcoverde* tem mestrado em sociologia pela Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, e história da arte pela Universidade de Lindenwood, EUA. É produtora cultural de projetos e artistas pernambucanos e curadora de galeria de arte. Realiza exposições de artistas que curou, gerencia programações em ocupações, publica e produz festivais e projetos artísticos de várias linguagens. Na exposição A Sobrevivência dos Vagalumes, que integra o edital de ocupação da Casa de Câmara e Cadeia, trabalha com as artistas Clara Nogueira, Clarissa Machado, Isabella Alves, Laura Melo e Oluyiá França.

*Mike Selva* é natural de Limoeiro (PE) e vive em Santa Cruz do Capibaribe (PE) desde 2006. Nascido e criado no Agreste pernambucano, Mike Selva ama a cultura de sua região. Possui experiência como assessor e produtor cultural, curador e professor. Em 2020 começou a pintar telas e percebeu que essa atividade o preenche. Descobriu-se artista visual e suas obras são marcadas pela profunda conexão com sua região natal, o comportamento das pessoas, as vibrações e a relação do homem com a natureza. Participou de exposições em Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e Olinda.

*Ícaro Lira Galvão* é recifense. Bacharel em comunicação social com habilitação em fotografia pela Aeso-Barros Melo, desenvolve pesquisa no campo da fotografia experimental e expandida. Por haver iniciado os estudos na área da fotografia analógica teve contato com processos fotográficos históricos e se debruça principalmente sobre a cianotipia. Sua produção investiga temas relacionados à memória e ao esquecimento. Por meio de resgate de técnicas oitocentistas, apropriação de fotografias de acervo e intervenções na imagem aborda a passagem do tempo bem como a ação dele e do homem sobre as superfícies.

*Fábio Santana* é natural de Moreno (PE) e vive e trabalha no Recife. Descobrindo-se como artista a partir da curiosidade, do risco e do encontro, ele acredita, mesmo de maneira provisória, que a arte seja algo que possibilite criar espaços para eclodir presenças. Professor por formação, possui doutorando em design pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestrado em artes visuais (UFPE e Universidade Federal da Paraíba, com bolsa Capes), especialização em arte-educação pela Universidade Católica de Pernambuco e licenciatura em desenho & plástica pela UFPE. Também é baterista e tatuador.