quinta-feira, 26 de junho de 2025

Rosa Fernanda destaca a potência da ficção e o protagonismo trans no audiovisual brasileiro #AoVivoEemCores


Primeira mulher trans a ingressar no programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCOM), Rosa Fernanda tem traçado uma trajetória marcada por autonomia, criatividade e compromisso com a representatividade no audiovisual. Formada em ensino de audiovisual pela UFPE, ela compartilhou sua vivência e visão durante debate sobre diversidade e transformação no setor.

Rosa tem migrado da vida acadêmica para o mercado audiovisual, escolhendo o roteiro como principal campo de atuação. “O roteiro é onde posso usar da ficção especulativa para criar mundos possíveis. A ficção toca a realidade e atiça a audiência para que o mundo possa se transformar”, afirma.

Nas obras que escreve e dirige, Rosa privilegia o protagonismo de mulheres trans, seja abordando seus desafios, seja narrando histórias que extrapolam a pauta identitária. Um exemplo é o curta-metragem As Musas, que acompanha a trajetória de Kelly, uma empregada doméstica que sonha em se tornar cantora de brega. “Ela é uma mulher trans, mas a narrativa não gira exclusivamente em torno disso — e essa autonomia na construção de histórias é essencial”, defende.

Atuando no cinema há quase uma década, Rosa destaca a importância de não ser reduzida à própria identidade de gênero. “Eu sou uma mulher trans, mas não sou apenas isso. Me formei, estudei, busco constantemente aprender e ocupar espaços que ainda são negados a muitas de nós.”

Ao refletir sobre diversidade, ela ressalta: “É preciso repensar os códigos narrativos e garantir que outras vozes e corpos dissidentes estejam criando também. A inovação no audiovisual passa necessariamente pela pluralidade de vivências.”