sábado, 5 de setembro de 2020

Miguel Nicolelis sobre a vacina russa: “Tradição não ganha no futebol nem define se descoberta está certa”

O neurocientista e coordenador do Projeto Mandacaru Miguel Nicolelis, por meio de seu Twitter, respondeu ao advogado alagoano Alexandre Alargolo quando este defendeu com entusiasmo a vacina pesquisada na Rússia contra o Coronavírus. Alargolo - em postagem de agosto - discordou do biólogo Átila Iamarino, que pediu prudência em relação às pesquisas da vacina russa, que, segundo publicações científicas, mesmo na fase dois, está trazendo resultados animadores, inclusive publicados na revista científica Lancet.

Alargolo, além de chamar Iamarino de “folclórico”, alegou que o Ocidente como um todo está tendo preconceito contra a Rússia, alegando que o país euro-asiático tem sua academia de ciências desde 1724. “A Rússia é excelência em ciência e tecnologia desde o Século XVIII! Com o surgimento da academia de ciências da Rússia, os maiores biólogos, médicos, matemáticos, embriologistas, físicos, botânicos e químicos e tudo o mais foram morar na Rússia porque o estado dava todas as condições de estudo e trabalho enquanto o restante da Europa queimava os cientistas...”

No entanto, Miguel Nicolelis ressalta que os estudos da vacina russa ainda estão no começo e que, em ciência, todos os passos de uma metodologia devem ser seguidos. “Tradição não ganha jogode futebol nem define se uma descoberta está certa. O que decide são dados e reprodução independente, no caso da ciência. Enquanto não passar por fase 3, não se pode dizer quase nada sobre uma vacina. Eu não faço nenhuma distinção de onde a descoberta vem”, afirma.

Produção - De acordo com oInstituto Butantan, para se produzir uma vacina, existe um longo processo, feito em várias etapas. Além disso, o investimento é grande e os riscos são altos. As pesquisas devem, obrigatoriamente, passar por quatro fases: na primeira, se demonstra a segurança da vacina em seres humanos; na segunda, se estabelece a imunogenicidade (capacidade de imunização); na terceira fase - onde está a vacina russa - se demonstra sua eficácia e finalmente, a quarta fase é quando a vacina está disponível para a população.