sexta-feira, 20 de junho de 2025

Entre Linhas e Memórias: a Trajetória Silenciosa de Raimunda Xucuru


Raimunda Xucuru iniciou sua ligação com o artesanato aos sete anos de idade, ainda em Poção, no Agreste de Pernambuco. Naquela época, as rendas surgiam como brincadeira de criança — um passatempo que, mais tarde, se transformaria em ofício e expressão de resistência cultural. “Na minha época era muito difícil, muito difícil mesmo. A gente não tinha renda, não tinha ajuda”, recorda.

Sem oficinas, apoio financeiro ou reconhecimento institucional, Raimunda foi vencendo obstáculos com criatividade e persistência. “Fui vendendo para atravessadores, como dava.” Participa da feira desde a primeira edição, embora nunca tenha sido formalmente afiliada. O reconhecimento chegou agora, e ela não esconde a emoção: “Nunca estive na hora dos mestres. E hoje, estou sendo homenageada.”

Ao ouvir o mestre Luiz Antônio, com seus 90 anos de vida e 80 dedicados à arte, Raimunda se reconheceu na trajetória. “É um prazer ver ele falar assim. Eu também tenho bastante história, venho de longe.”

Com gratidão, ela também relembra o apoio que recebeu ao longo do caminho, inclusive para expor suas rendas em feiras fora do estado, como em São Paulo. “Antigamente, se alguém chegasse na minha casa, eu me escondia. Mas hoje é diferente. Muito obrigada.”