quinta-feira, 13 de junho de 2019

#MinhaPesquisaMinhaBalbúrdia [6]

Jornalistas e defensoras do ofício milenar em prol do nascer natural com a presença da doula


O projeto experimental "Doulas - um ato de amor" surgiu em um período onde o número de cesarianas vinha em um crescente, de forma indiscriminada. Graças a projetos de divulgação e incentivo ao parto normal e humanizado era possível promover uma mudança de comportamento no que diz respeito ao ato de nascer. Lembro que ao pronunciarmos o nome do projeto muitas pessoas estranhavam o termo. Muitos, ainda, não tinham conhecimento sobre o trabalho de mulheres que se dedicavam a outras mulheres em um período tão esperado e sublime: o nascimento de um filho. 

Durante a elaboração do documentário, conhecemos inúmeras famílias que compartilharam relatos da gestação e do parto. Cada uma possuía sua singularidade e contribuía para que as futuras mães pudessem tirar dúvidas e trocar experiências. Nas rodas de grávidas foi possível ver de perto o trabalho de uma doula. Acreditamos que o laço que era construído dia após dia com o casal grávido, era mais que preocupação em transmitir informações ou tirar dúvidas sobre a hora do nascer, ou sobre o planejamento do parto. 

As doulas e as famílias criavam uma ligação de amizade e por que não chamar de amor. Amor pelo que faz, pelo ato de ajudar a trazer ao mundo de forma natural, rodeado de sentimento, de humanidade. Durante os encontros também ouvíamos relatos de partos hospitalares. A segurança do bebê e da mãe durante o parto também era abordada nos encontros. Também tivemos a oportunidade de conhecer o Programa Doulas Comunitárias Voluntárias desenvolvido em maternidades da Prefeitura do Recife. Acompanhamos o trabalho voluntário da doula “Severina”, que nos marcou muito. Sem dúvida era um exemplo de generosidade e dedicação ao próximo. 

Estar em constante contato com as mais diferentes realidades de mães, algumas delas de primeira viajem ou grávidas na adolescência, era um verdadeiro aprendizado. Ver o apoio que as doulas davam às famílias e em especial as grávidas, proporcionaram imagens que possibilitaram uma reflexão sobre temáticas como a autonomia da mulher na hora do parto e a necessidade de atitudes humanas durante o nascimento.

O trabalho de conclusão de curso “Doulas”, sob autoria das, na época, concluintes do curso de Comunicação Social – Jornalismo, apresentaram sob forma de vídeo documentário a realidade dessas profissionais de talento antigo e pouco faladas. E, muito confundida com as parteiras, com nossa pesquisa e ênfase no tema, as doulas receberam o foco merecido.

Formado por Silvannir Jaques, Tânia Silva e Ana Gicelly, nosso objetivo era desbravar esse mundo das parturientes que com suas doulas tinham experiencias exitosas e inesquecíveis de parto. O nascer natural humanizado com o cuidado e assistência que toda mãe e bebê merecem. Livres de intervenções invasivas que tiram a autonomia da mulher em parir, além de provocar sérios danos à saúde de ambos.

Nossos mais sinceros agradecimentos a tantas mulheres e profissionais que nos apoiaram nesse período, dentre as quais a jornalista Roberta da Fonte, a doula Ana Katz Schuler, a doula Dan Gayoso, a Nicole Honório, nossa banca com a ilustre presença da Isly Viana, além do orientador Eduardo Cavalcanti, assim como tantas outras doulas, parturientes, obstetras e demais apoiadores do projeto. 

Jornalistas Silvannir Jacques, Tânia Silva e Ana Gicelly