Podcast Taís Paranhos

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Salto Produnova leva indiana às finas da Ginástica #Rio2016

Não é fácil para uma atleta afirmar-se na ginástica artística, quando cresce num país sem tradição na modalidade (nem meios financeiros), como é a Índia. Para singrar, após percorrer um caminho pedregoso até à elite mundial, Dipa Karmakar precisava de um golpe de asa, um gesto técnico que a fizesse sobressair entre as ginastas das maiores potências: encontrou-o no salto Produnova, o movimento mais perigoso (e maldito) da modalidade. 

E, com a aterradora técnica - se correr mal, pode deixar a praticante tetraplégica ou até matá-la -, fez história: apurou-se para a final de salto (cavalo) do Rio 2016. Na verdade, Dipa, de 22 anos, já fizera história ao tornar-se a primeira ginasta indiana a ganhar medalhas em provas internacionais (Jogos da Commonwealth de 2014 e Campeonatos Asiáticos de 2015) e a participar em Jogos Olímpicos (neste ano). Contudo, o desempenho na qualificação da prova individual de ginástica artística, concluída no domingo à noite, catapultou-a para a ribalta, por se ter apurado para a final de salto (8.º lugar, com 14.850 pontos) e por ter executado, uma vez mais, o temido Produnova.

Para quem não é da ginástica e não faz ideia de como é o Salto Produnova, trata-se de um movimento no cavalo, seguido de três mortais e poucas ginastas se atrevem a tentar fazê-lo (movimentos errados podem deixar a atleta tetraplégica ou mesmo matá-la) e apenas uma conseguiu acertar com êxito, a russa Yelena Produnova, no mundial de 1999. Outras ginastas como a egípcia Fadwa Mahmoud e a dominicana Yamile Peña Diaz tentaram, mas sem sucesso. A primeira atleta a tentar o salto foi a chinesa Choe Jong Sil, em 1980. 

Nos Jogos do Rio, outra ginasta também pretende fazer o salto Produnova. Trata-se de Oksana Chusovitina, do Uzbequistão - que, aos 41 anos, está nos seus sétimos Jogos Olímpicos e se tornou a mais velha participante olímpica de sempre. A usbeque não executou o Produnova na qualificação mas já prometeu fazê-lo na final de salto, no domingo (dia 14). 

POBREZA - É um final feliz para a garota pobre de Tripura, cidadezinha da Índia, que deu um trabalho muito grande ao seu professor Biswaswar Nandi antes mesmo de começar a treinar. Ela tinha pé chato e foi preciso muito exercício para transformá-la uma ginasta profissional.

Os aparelhos com que treinava não eram modernos, muito pelo contrário. E o ginásio sofria inundação anual na época das enchentes, com ratos e baratas circulando pelo local.
A recompensa pelo esforço veio em abril, no Rio, no evento teste da ginástica. O "salto da morte" colaborou muito. Ela conseguiu 15,066 pontos, a mais alta de todas as concorrentes. Fez apenas 11,700 nas barras paralelas, a segunda pior marca. Fez 13,666 na barra e 12,566 no solo. Um total de 52,998, que não lhe permite sonhar alto quando se fala do geral individual.
A chance de Dipa Karmakar é mesmo conseguir o salto desafiador pela terceira vez. Se conseguir, levará uma medalha. Será a primeira medalha de uma ginasta indiana a competir nos Jogos Olímpicos. Uma avenida estará aberta para que outras garotas indianas possam sonhar.



Karmakar conseguiu a proeza pela primeira vez no Campeonato Mundial de Ginástica Artística em 2014, cuja performance você vê no vídeo a seguir:


Com informações do Portal UOL e do Diário de Notícias (Portugal)