quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Queijo de Coalho Pernambucano: Tradição, Patrimônio e Identidade em Exposição na Feneaf #AoVivoEemCores


 Na segunda edição da Feneaf — Feira de Agricultura Familiar promovida pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) — a historiadora e pesquisadora Joana D'ark apresenta uma exposição que mergulha na história e na importância cultural do queijo de coalho, um dos maiores símbolos da pecuária leiteira nordestina.

Pernambuco é o estado que mais produz leite no Nordeste, com uma média de 2,3 milhões de litros por dia. Desse total, cerca de 70% é destinado à fabricação de queijo, especialmente o tradicional queijo de coalho, cuja relevância ultrapassa o paladar e alcança o status de patrimônio cultural.

A exposição, instalada no Museu do Queijo, reúne peças históricas que ilustram o cotidiano da produção leiteira. Entre os destaques estão o gibão de couro — vestimenta ainda usada por vaqueiros na captura do gado — e o carro de boi, meio de transporte que continua presente nas atividades rurais. O objeto museológico mais antigo da coleção é uma prensa de madeira do século XIX, utilizada para moldar e desfazer o queijo. Abaixo dela, uma gamela recolhe o soro do leite, que é reaproveitado posteriormente.

Outro item curioso é a mesa de preparo, onde a massa do queijo é manipulada após a adição do coalho. A técnica artesanal inclui o corte e a prensagem manual, evidenciando o cuidado e a tradição envolvidos no processo.

Joana D'ark destaca que o queijo de coalho pernambucano está em processo de patrimonialização como bem material e gastronômico do estado, devido às suas características históricas, hereditárias e únicas. Produzido majoritariamente no Agreste Meridional — região que concentra mais de 60% da produção leiteira estadual — o queijo se diferencia por sua massa triturada manualmente, além da influência direta da alimentação dos animais e do ambiente local, que conferem sabor e textura singulares ao produto.

A exposição na Feneaf não apenas celebra o queijo de coalho como alimento, mas o reconhece como expressão viva da cultura, da memória e da identidade do povo pernambucano.