O Brasil se despede de um dos maiores nomes da literatura nacional. Luís Fernando Veríssimo, escritor, cronista, cartunista e músico, faleceu nesta sexta-feira (30), aos 88 anos, deixando um legado de mais de sete décadas dedicadas ao humor inteligente e à crítica social afiada.
Nascido em Porto Alegre em 1936, Veríssimo era filho do também consagrado autor Erico Veríssimo. Viveu parte da infância nos Estados Unidos, onde desenvolveu paixão pelo jazz e aprendeu a tocar saxofone — instrumento que o acompanharia por toda a vida, inclusive em apresentações com o grupo “Renato e seu Sexteto”.
Sua trajetória literária começou nos bastidores do jornal Zero Hora, como revisor. Pouco tempo depois, conquistou espaço como cronista e colunista, tornando-se uma referência nacional. Com mais de 70 livros publicados e mais de 5,6 milhões de exemplares vendidos, Veríssimo transitou com maestria entre gêneros como conto, romance, sátira política e quadrinhos.
Entre suas obras mais emblemáticas estão Ed Mort, o detetive atrapalhado que parodiava o universo noir; O Analista de Bagé, personagem que misturava psicanálise e gauchismo com doses generosas de humor; e A Velhinha de Taubaté, símbolo da ingenuidade política durante o regime militar.
Além da literatura, Veríssimo também brilhou como tradutor, roteirista e músico. Seu estilo era marcado por uma ironia sutil, capaz de provocar o riso e a reflexão em igual medida. Publicou regularmente em veículos como O Estado de S. Paulo e Zero Hora, onde suas crônicas se tornaram leitura obrigatória para milhares de brasileiros.
Luís Fernando Veríssimo deixa não apenas uma vasta obra, mas também uma forma única de olhar o cotidiano com leveza e inteligência. Seu humor continuará ecoando nas páginas que escreveu — e nos corações de quem aprendeu a rir com ele.