Podcast Taís Paranhos

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Missão para a China é oportunidade para empresas brasileiras


O grupo pernambucano Teleport, especializado em educação, tecnologia e inovação, apresentou os resultados da sua terceira missão empresarial à China, em seis meses. Desta vez, os empresários participantes da delegação brasileira visitaram o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF 2024), entre 28 a 30 de março de 2024, visitar empresas chinesas como a Gree, conhecer o recém-inaugurado HubBrasilChina, instalado na AIA Tower, em Macau, na parte continental do país.

Trata-se de um escritório de negócios que vai funcionar como um coworking, oferecendo divisão de custos e um endereço chinês para filiais brasileiras na China, além de apoio de um funcionário local que irá facilitar a logística e as operações de exportação e importação entre o Brasil e o gigante asiático. “O HubBrasilChina agora é a base das empresas brasileiras para realizar negócios com as empresas chinesas. Cada empresa poderá abrir um CNPJ local e contar com muitos benefícios fiscais oferecidos pelo governo chinês”, explica o presidente do grupo Teleport, Gildo Neves Baptista.

Start para novos negócios

Entre as empresas que foram na última missão, a Dispor Energia, que funciona no Porto Digital do Recife, é uma das que já estão em negociação com os chineses. Especializada em eficiência energética, a empresa pernambucana pretende ter uma base industrial para fabricar um dispositivo de proteção de fuga de corrente elétrica que também mede o consumo de energia. Para isso, firmou um acordo de representação comercial com a chinesa MVW Mídia, e está em tratativas com o governo chinês. 

“Mesmo transportando para o Brasil, o dispositivo ficará mais barato em relação ao que compramos aqui. Ele é muito importante para o rastreamento de energia e nosso propósito de mitigar a emissão de gases de efeito estufa”, revela o diretor executivo da Dispor Energia, Carlos Rocha. Ele explica que seu negócio é coletar dados de consumo para evitar desperdícios e isso resulta em certificado de crédito de carbono, que pode ser trocado por dinheiro ou por compensação da pegada de carbono.

Concretizada, esta negociação irá contribuir para a continuidade dos excelentes resultados do comércio exterior brasileiro, onde a China é o principal parceiro internacional. No ano passado, as exportações brasileiras para a China cresceram 16,6%, somando US$ 104,3 bilhões, e atingindo um superávit recorde de US$ 51,1 bilhões entre os dois países. O valor representa mais da metade do superávit da balança comercial do Brasil com o mundo em 2023, que foi de US$ 98,8 bilhões.

Em relação a Pernambuco, ainda temos muito a avançar. Embora a China seja o segundo maior parceiro comercial do Estado, com uma balança comercial de US$ 529 milhões em 2023, as exportações pernambucanas representaram só 12% do total ou US$ 64,6 milhões. Este valor representa só 6,53% das exportações de Pernambuco em 2023: US$ 979 milhões.

Educação técnica a caminho

As missões empresariais promovidas pelo Grupo Teleport à China estão abrindo horizontes de curto, médio e longo prazos para ampliar o ensino técnico no Brasil. Um estudo do Instituto Itaú Trabalho aponta que, caso seja triplicada a oferta de cursos técnicos no Brasil, o PIB nacional poderá crescer 2,39%, o querepresentaria um incremento de mais de R$ 250 bilhões na economia do país. 

Depois de ler o estudo, o CEO do grupo, Gildo Neves Baptista, decidiu buscar condições para desenvolver ainda mais cursos técnicos digitais pela Teleport Educacional. “O nosso foco é buscar as condições materiais, tecnológicas e financeiras para liderar uma jornada e concretizar as projeções do Itaú Trabalho. Nosso braço educacional têm a capacidade operacional e regulatória para tirar o projeto do papel e colocá-lo em prática”, garante Baptista. 

A Faculdade UniBRAS do Norte Goiano, de Goiás, tornou-se a parceira de primeira hora do Teleport desenvolvendo imersões empresariais à China com certificados técnicos de 120 horas. “Na próxima missão, prevista para outubro de 2024, vamos fazer uma pós-graduação na prática, com certificado de 360 horas. Nosso norte é realizar imersões para aumentar cursos técnicos. É um sonho do tamanho da China”, declara o CEO do Teleport.

Para o CEO do HubBrasilChina, Luis Othon Bastos, especialista em comércio exterior, as três missões empresariais à China, em seis meses, demonstram firmeza de propósito em firmar negócios, o que é bem visto no país. “No mercado internacional as coisas não acontecem de repente, grandes contratos virão com maturação. As missões à China são preparatórias para grandes negócios. A Teleport pode, por exemplo, implantar cursos online em português para a população de Macau, que sofreu uma colonização portuguesa há 500 anos. Hoje eles assistem apenas cursos feitos por emissoras de TV portuguesas”, observa Bastos, que é também professor de logística e administração da Universidade de Pernambuco (UPE).

Um exemplo de investimento de longo prazo está sendo construído pelo governo chinês no delta do Rio das Pérolas, próximo à Hong Kong e distante uma hora de carro de Macau, na região do Cantão. “É um projeto gigantesco. Será um porto-seco, tax free, para atrair empresas que já têm operações na China e querem exportar para o Cantão, onde vivem 100 milhões de pessoas”, explica Bastos.