quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Artigo: o Nordeste e a lição de Democracia, por Adriana Amâncio

A região Nordeste ditou decidiu o rumo das eleições 2018. Oito dos nove estados da região fecharam com o candidato Fernando Haddad no primeiro turno das eleições 2018. Foi dessa região, que vieram 46% dos votos do representante da coligação o Povo Feliz de Novo. O estado do Pará também fechou com Haddad, decidindo a realização do segundo turno. O que levou o Nordeste a andar na contra - mão, a ser independente das demais regiões brasileiras? 

Está nas memórias de um novo Nordeste permeado pela fartura, a esperança, a autoestima e a organização popular a explicação para essa atitude política. Em 2010, penúltimo ano do mandato do ex-presidente Lula, o Brasil bate o recorde na geração de postos de trabalho: 2, 52 milhões. Na conta, a região Nordeste foi beneficiada com um total de 488.561 postos de trabalho, ficando atrás apenas do Sudeste que obteve 1.276.903 postos.

Região de forte atividade rural, no Nordeste a agricultura familiar é forte e responsável por alimentar grande parte das famílias urbanas e rurais. Em 1996, o Programa Nacional de Apoio a Agricultura Familiar (Pronaf) iniciou as suas atividades com um orçamento de R$ 200 milhões. No Plano Safra da Agricultura Familiar 2010/2011, o orçamento liberado foi de R$ 16 bilhões. Esse orçamento fortaleceu outros programas voltados para apoiar outras etapas da cadeia de produção famílias agricultoras, a exemplo do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) entre outros.

Segundo o Censo do IBGE 2010, entre os anos de 2000 e 2010, o número de alunos com idade entre 7 e 14 anos que não frequentavam a escola caiu de 7,1% para 3,2%. Essas crianças e jovens com o auxílio do Programa Bolsa Família saíram da roça, das usinas, dos sinais de trânsito e das feiras livres e foram para as salas de aula. A ferramenta de trabalho deu lugar ao livro, o caderno e a caneta. Ainda segundo o Censo 2010, o percentual de pessoas com ensino superior completo no Nordeste saiu de 2,3% no ano 2000 para 4,7% em 2010. Nessa conta estão muitas Joanas, Marias, Franciscos, Carlos, que graças ao ProUni alcançaram a formação superior. O melhor resultado alcançado ficou com a região Sudeste, que aumentou de 6% para 10% o número de pessoas com diploma de graduação.

Todas essas conquistas fizeram com que o povo Nordestino vivesse a democracia, vivesse o acesso ao direito. O que antes só chegava para o povo como moeda de troca por um voto ou por trabalho escravo ou análogo a escravidão, chegou na forma de política público. O povo do Nordeste se viu na gestão presidencial, no orçamento da União e acreditou na democracia! Acreditou que melhor do que vender o voto é entregá-lo com a consciência de qual projeto político se quer dar prosseguimento. Melhor é votar, confiando que a justiça social e a igualdade são construções feitas no seio da Democracia e com a participação de todos e todas. No segundo turno, que o Nordeste mostre novamente a sua força e diga #Democraciasim, #EleNão.

Adriana Amâncio é jornalista e radialista