João Gomes — Da Raiz ao Grammy: Como Honrar a Origem Cria
um Oceano Azul de Oportunidades
Por Mariângela Borba
Olá, você que acompanha a coluna #SendoProsperidade aqui no
blog da Taís Paranhos, tudo bem? A pauta da semana é sobre o cantor João Gomes.
Ele pode até não ter “essas vozes todas” , mas tem dedicação, ritmo,
autenticidade e carisma suficientes para ter conquistado uma das vitórias mais
simbólicas dos últimos anos: o Grammy Latino de 2025.
E sabe por quê isso é tão interessante? Porque não foi “só
um prêmio”. Foi a consagração de um menino humilde, do sertão pernambucano, de
família simples, que transformou sensibilidade em caminho e caminho em
trajetória. João é um artista que nunca precisou apagar suas raízes para ser
ouvido. Pelo contrário: foi justamente por levá-las consigo que conseguiu furar
bolhas e se tornar um fenômeno do show business brasileiro.
Ele é a prova viva de que o Brasil profundo, afetivo e resiliente pode — e deve — ocupar os maiores palcos do mundo.
Nascido em Serrita, no sertão pernambucano, João começou
cantando piseiro de vaquejada. Intuitivamente, compreendeu princípios que
grandes estrategistas de negócios ensinam há décadas. Aos 21 anos, já
ultrapassava 7 bilhões de streams no Spotify e foi o artista brasileiro mais
ouvido da plataforma em dois dos últimos cinco anos.
Furou a bolha do piseiro ao conquistar públicos do sertanejo, pop, samba, MPB e até gospel. Sua autenticidade abriu portas além do gênero de origem. Parcerias estratégicas fizeram o resto: já gravou com Ivete Sangalo, Wesley Safadão, Mari Fernandes, Ludmilla, Gilberto Gil, Jotapê e vários outros artistas consolidados.
Essa expansão ilustra perfeitamente a matriz de Ansoff, que relaciona produtos e mercados em quatro estratégias: penetração, desenvolvimento de mercado, desenvolvimento de produto e diversificação. João não abandonou sua raiz: ele a expandiu. Cresceu para outros públicos sem perder a identidade.
Outro ponto-chave é a gestão de marca pessoal. João mantém a
imagem de artista simples, próximo, emocionalmente acessível — e isso gera
engajamento, fidelidade e vantagem competitiva sustentável. Sua trajetória
também dialoga com a teoria do Oceano Azul: em vez de disputar espaço como
“mais um” no piseiro, ele cria valor em novos territórios musicais,
posicionando-se de maneira única.
Os números confirmam: turnês lotadas, presença nos maiores festivais, agenda com mais de 20 shows por mês e prêmios internacionais que ampliam sua projeção global. O caso de João Gomes mostra que inovação não é só criar algo novo, mas trafegar entre mundos diferentes preservando a essência e conquistando novos públicos.
João, assim como Luiz Gonzaga, Tom Jobim e alguns outros
ícones brasileiros, alcança algo raro: autoralidade. Esse é o superpoder que
nenhuma IA consegue replicar. E não se trata apenas de música: trata-se de
honrar as próprias origens, misturar referências e transformar cultura em
linguagem.
Autoralidade nasce quando alguém cozinha suas memórias, dores, raízes e vivências até que isso vire expressão única. A IA pode copiar tudo — menos o que é genuinamente humano. Porque o humano é vocação: um chamado interior que direciona para a realização. Isso não se aprende em curso; se vive, se assume. E é justamente por isso que não há tecnologia no planeta capaz de reproduzir.
João Gomes não inventou um estilo: assumiu o seu. E, ao
fazer isso com clareza, criou uma presença que ninguém pode roubar. Quando você
honra suas origens, você se torna incopiável. Autoralidade não é dom: é
decisão. É processo. É a recusa consciente de ser apenas mais um.
João é só um exemplo — mas a lógica serve para qualquer pessoa ou negócio: ou você aprende a comunicar sua autoralidade, ou será engolido por quem aprendeu.
Mariângela Borba é comunicadora multifacetada, jornalista
diplomada, revisora credenciada e social media expert em trânsito pelos estudos
da psicanálise. Produtora cultural com atuação em conselhos municipais e
nacionais de cultura, possui expertise em Cultura Pernambucana. Teve passagem
pela Secretaria Executiva do MinC – Regional Nordeste – e pela Secretaria de
Imprensa de Paulista (PE), além de colaborar com editorias de jornais e rádios
conceituados de Pernambuco. Premiada e com produção bibliográfica na área de
cultura, é membro da UBE e da AIP — da
qual seu bisavô, também jornalista, foi fundador.