quarta-feira, 26 de julho de 2023

Aumento do uso de telas nas férias acende alerta sobre doenças oculares


O mês de julho chegou e com ele as férias escolares. Entretanto, os pais devem ficar alertas, pois com mais tempo de uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos, a saúde ocular das crianças pode ser prejudicada, ocasionando doenças como miopia e olho seco. Segundo a OMS, crianças de até 2 anos não devem ser expostas a telas, e maiores de dois anos devem ter o tempo de utilização monitorado pelos pais.
“Ao passar muito tempo usando as telas, piscamos menos vezes, o que faz com que os olhos ressequem, dando sintomas como ardor, sensação de corpo estranho e de olhos secos, vermelhidão, coceira, e até mesmo um aumento no reflexo do lacrimejamento e do piscar mais tardiamente, buscando compensar a secura ocasionada nos olhos pela fixação excessiva nas telas”, afirma a oftalmopediatra Patrícia Rêgo, do Hospital de Olhos Santa Luzia, integrante da rede Vision One.
Focar por muito tempo as telas de perto pode estimular o desenvolvimento da miopia ou evolução do grau em quem já é portador da doença. Nas crianças, é preciso mais atenção para problemas do tipo, já que quanto maior o grau, maior a possibilidade de se desenvolverem outras doenças oculares no futuro, como descolamento de retina e alterações maculares, que podem ocasionar importante perda visual.

“Além dos sintomas relacionados ao olho seco, fazemos uma convergência excessiva dos olhos quando usamos as telas de perto por um tempo prolongado, causando fadiga ocular e desconforto relacionado a motilidade ocular, podendo inclusive descompensar algum tipo de desvio nos olhos. Por último, mas não menos importante, pode-se levar ao surgimento ou progressão da miopia, especialmente em crianças”, aponta a oftalmologista Patrícia Rêgo.

Recentemente, levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) apontou que sete em cada dez oftalmologistas relatou aumento em casos de miopia entre as crianças. Já segundo a Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco (Apos), cerca de 18 milhões sofrem com a doença no país.
“A orientação é que crianças até 2 anos de idade não usem as telas de perto, como celulares e tablets. E as mais velhas, retardem o uso o quanto for possível, e quando iniciarem, que esse seja feito por pouco tempo seguido, como 30 a 45 minutos, com pausas e mudança do foco de perto para outras distâncias. O ideal é que não se ultrapasse 2 a 3h por dia, e que sempre seja respeitado o tempo máximo de utilização seguida. Lembrar de piscar os olhos durante o uso e de manter uma distância mais afastada possível”, aconselha a especialista do Hospital Santa Luzia.

A oftalmologista Patrícia Rêgo recomenda que durante os dois primeiros anos de vida, as crianças se consultem a cada 6 meses com o oftalmopediatra. Após esse período, o ideal é ir ao oftalmologista pelo menos uma vez ao ano. Os pais também devem ficar atentos caso haja histórico de miopia ou outra doença ocular na família.

“Não se deve esperar a queixa da criança para que ela seja avaliada pelo especialista, pois muitas vezes elas não percebem a deficiência visual, até mesmo porque um olho pode estar compensando o outro. É interessante sempre conversar com os professores das crianças, pois eles podem observar mais facilmente alguma dificuldade visual durante as atividades em sala de aula do que os pais na rotina do lar”, finaliza a oftalmologista Patrícia Rêgo.