quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Vítimas da ditadura no Chile relembram golpe 41 anos depois

Milhares de pessoas foram às ruas de Santiago neste domingo (7) para exigir do governo de Michelle Bachelet um maior compromisso com os direitos humanos.
A passeata faz parte dos atos em memória do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, que pôs fim ao governo de Salvador Allende e instaurou no país o regime militar de Augusto Pinochet.
Segundo a polícia, cerca de três mil pessoas compareceram à manifestação convocada pela Assembleia Nacional pelos Direitos Humanos. Participaram familiares de vítimas da ditadura, representantes de organizações civis, parlamentares e outros políticos.
A marcha transcorreu de forma pacífica pelas principais ruas de Santiago, que amanheceram sob forte proteção policial. Incidentes violentos isolados foram registrados no fim do protesto.
Homens encapuzados instalaram barricadas no Cemitério Geral, lugar do Memorial do Preso Desaparecido e Executado Político, onde aconteceu um ato em homenagem às vítimas da ditadura. A polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar o grupo.
Centenas de pessoas carregaram fotos de desaparecidos durante o regime militar de Pinochet (1973-1990) e cartazes com reivindicações de verdade, justiça e fim da impunidade.
Os organizadores criticaram o governo pela falta de compromisso em matéria de direitos humanos e pelas condições especiais de detenção concedidas aos torturadores.
De acordo com números oficiais, a ditadura de Pinochet deixou 3.200 mortos e mais de 38 mil detidos e torturados.
Quem foi Allendefoi um médico político marxista chileno. Fundador do Partido Socialista, governou seu país de 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado por seu chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet.
Allende foi o primeiro presidente de república e o primeiro chefe de estado socialista marxista eleito democraticamente na América. Seus pilares ideológicos foram o socialismo, o marxismo e a maçonaria. Allende foi um revolucionário atípico: acreditava na via eleitoral da democracia representativa, e considerava ser possível instaurar o socialismo dentro do sistema político então vigente em seu país.
Foi presidente constitucional do Chile de outubro 1970, apoiado pela Unidade Popular - que integrava comunistas, socialistas, radicais e outras correntes populares. Em 1972 foi-lhe atribuído, pela União Soviética, o Prêmio Lênin da Paz. Em 11 de setembro de 1973, tropas lideradas pelo general Augusto Pinochet, tomaram controle de todo o país e cercaram o palácio presidencial de La Moneda. Allende fez um discurso, transmitido pelas rádios fiéis ao governo, informando que não renunciaria. Mais tarde Allende se suicida, usando o rifle AK-47 que Fidel Castro havia lhe dado de presente.

Uma das razões diretas do fracasso da "via chilena para o socialismo" deveu-se a situação geopolítica mundial de então, de plena Guerra Fria, com os Estados Unidos envolvidos na Guerra do Vietnã, não podendo admitir o nascimento de um segundo regime socialista na sua área de influência, após Cuba. Nos anos de 1970, na América do Sul inteira, apenas o Chile, a Colômbia e a Venezuela mantinham Estados Democráticos de Direitocom governantes eleitos pelo povo. O Brasil, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia, o Peru, o Equador e o Uruguai, estavam tomados por regimes militares, muitos instalados, e todos apoiados, por Washington.

Com informações do Portal G1 e da Wikipedia