Podcast Taís Paranhos

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Ações de combate ao fumo

A data 29 de agosto é marcada pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo e serve como um alerta aos diversos problemas de saúde ocasionados pelo tabaco. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a substância é responsável por causar até 90% de todos os cânceres de pulmão e, ainda, é um fator de risco significativo para acidentes cerebrovasculares e ataques cardíacos. No Brasil, 20% dos fumantes começaram a ter o hábito antes dos 15 anos.

Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, o tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, sendo responsável por mais de dois terços das mortes por essa doença no mundo. O fumo também é um dos fatores causadores da leucemia mielóide aguda, câncer do pâncreas, do fígado, câncer do colo do útero, câncer nos rins, entres outros.

Outro dado que precisa ser comentado é o do câncer de bexiga. O que poucos sabem é que o tabagismo pode aumentar, significativamente, o risco de uma pessoa ter câncer de bexiga e está associado à doença em 50-70% dos casos, segundo o INCA. Ainda de acordo com o instituto, a estimativa de novos casos proporcionais entre o sexo masculino e feminino é de 9.480 em homens e 2.790 em mulheres.

Gustavo Godoy, oncologista do Hospital Santa Joana Recife faz um alerta sobre o câncer de bexiga. “Os carcinógenos dos cigarros passam através dos pulmões para o sangue, são filtrados pelos rins e ficam reservados na bexiga até a hora em que o órgão está repleto e a pessoa sente vontade de ir ao banheiro. Esse tempo prolongado é suficiente para essas substâncias causarem mutações genéticas nas células da mucosa da bexiga, que as transformam em câncer’’, destaca. 

O sintoma mais comum da doença pode ser identificado na urina com uma cor avermelhada. “Chamamos de hematúria, ou seja, sangue na urina. O paciente também pode apresentar dor ou desconforto para urinar’’, explica o especialista, que ainda faz outro alerta importante. “Isso pode ser confundido com uma simples infecção urinária. Nos casos mais avançados, o paciente pode apresentar incontinência urinária, dor na pelve ou nas costas, fadiga e perda de peso’’, conclui. 

Apesar dos números preocupantes, o Brasil pode destacar uma redução no hábito de fumar. Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostram que no ano passado, 9,3% dos brasileiros afirmaram ter o hábito de fumar. Já em 2006, ano em que a pesquisa foi feita pela primeira vez, esse índice era de 15,6%. Ou seja, nos últimos 12 anos, a população diminuiu em 40% o consumo do tabaco.

De acordo com Frederico Ramos, pneumologista do Hospital Santa Joana Recife, essa redução no número se deve às leis de restrição. “Acredito que, hoje em dia, há uma preocupação maior com a saúde. É difícil alguém não saber os males do cigarro, mas parece que isso ainda não é suficiente. O fato de restringir os ambientes de fumo foi mais importante do que qualquer outra coisa”, afirma o médico.

O especialista ainda faz um alerta para a busca de um tratamento devido ao fato de o cigarro ser uma causa prevenível que mais causa problemas de saúde. “É importante dizer que existe um tratamento que ajuda a diminuir o sofrimento dos fumantes. As pessoas precisam procurar o pneumologista, porque existe saída menos dolorosa”, destaca.

Olinda - Práticas integrativas chinesas, aulão de ritmos e palestras de saúde com foco nos usuários de cigarro irão fazer parte, nesta quinta-feira (29.08), a partir das 7h, das atividades alusivas ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, em Olinda. O evento será promovido no Centro de Apoio Psicossocial (CAPS-AD), na Rua Pereira Simões, 155 - Bairro Novo. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Saúde, através da Diretoria das Politicas Estratégicas, Coordenação do Tabagismo, CAPS-AD e Secretaria Executiva de Esportes.

Danos - Quase 5 mil substâncias tóxicas presentes no cigarro são extremamente prejudiciais e podem causar diversos problemas de saúde, como câncer de pulmão e do aparelho digestivo, dificuldades respiratórias, infarto, derrame, infecções respiratórias, impotência sexual no homem, entre outros. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, no mundo, o cigarro é a maior causa de mortes que poderiam ser evitadas. O consumo do tabaco está associado a 30% das mortes por câncer (sendo mais de 90% deles de pulmão), 25% de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais.

Sobre esses 25% relacionados ao coração, a cardiologista Jéssica Garcia traz alertas para a população sobre o assunto, às vésperas do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado na próxima quinta (29 de agosto). De acordo com a médica e tutora do curso de Medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde, o tabagismo é um dos maiores vilões quando o assunto são as doenças cardiovasculares. O cigarro agride do endotélio – camada de células que recobre os vasos sanguíneos.

“O comprometimento do endotélio está associado a maior dificuldade na circulação do sangue, interferindo no mecanismo de relaxamento e contração do coração. O endotélio também interfere na produção de uma substância protetora conhecida como óxido nítrico, e faz com o que as artérias fiquem vulneráveis ao acúmulo de gordura”, explicou a cardiologista.

Importantes alterações metabólicas têm sido descritas para explicar os efeitos nocivos do tabaco no sistema cardiovascular, entre as quais modificações nas concentrações de lipídeos (colesterol). Quando comparados aos não fumantes, os adultos fumantes tendem a apresentar um perfil (de colesterol ruim) mais relacionado a obstrução das artérias do coração.

Um único cigarro já é suficiente para contrair todos os vasos sanguíneos do corpo. A cada “tragada”, ocorre um endurecimento das artérias do fumante, fazendo com que o coração trabalhe mais intensamente.

“A nicotina leva a liberação de substâncias como a adrenalina e a noradrenalina, que estimulam o coração, aumentando o batimento cardíaco e causando arritmia. Portanto, é comum a sensação do coração acelerado naqueles que fumam (palpitações)”, acrescentou a tutora da FPS.

Em suma, quanto mais tempo a pessoa fuma, mais difícil de largar o vício e maiores são as chances de desenvolver algum tipo de doença relacionada ao tabaco.