terça-feira, 15 de julho de 2025

Julho Roxo amplia debate sobre miomas e destaca avanços no tratamento


Durante o mês de julho, a campanha Julho Roxo ganha força ao colocar em evidência os miomas uterinos — condição que afeta até 80% das mulheres em idade fértil, segundo o Ministério da Saúde. Com sintomas muitas vezes ignorados ou naturalizados, como cólicas intensas, sangramento menstrual abundante e dor pélvica crônica, os miomas voltam ao centro das discussões sobre saúde feminina e bem-estar.

“Os miomas são benignos, mas isso não significa que não causem impactos severos na vida das mulheres”, alerta o cirurgião pélvico Marcos Travessa, coordenador do Núcleo de Cirurgia Ginecológica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR). Além das dores e alterações menstruais, os miomas podem provocar aumento abdominal, desconforto sexual, anemia e fadiga constante.

Um dos maiores obstáculos ao diagnóstico é a ausência de sintomas em aproximadamente 50% dos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). “Essas queixas foram por muito tempo invisibilizadas. Hoje, buscamos escutar e tratar a mulher na sua totalidade”, ressalta Travessa.

Para identificar os miomas, os exames de ultrassonografia pélvica e transvaginal são os mais comuns. Já em quadros mais complexos, a ressonância magnética permite detalhar tamanho e localização dos nódulos. Segundo a ginecologista cirurgiã Gabrielli Tigre, o tratamento precisa ser individualizado. “Nem todo mioma exige cirurgia. Mas quando necessário, a cirurgia robótica vem trazendo avanços expressivos — com menos sangramento, menor risco de aderências e recuperação rápida”.

Gabrielli explica que a técnica robótica é especialmente vantajosa nos casos de miomectomia, quando o útero é preservado. Isso é fundamental para manter a saúde reprodutiva e hormonal da paciente. Além da cirurgia, há ainda opções terapêuticas com medicamentos hormonais que reduzem o volume dos miomas e aliviam os sintomas.

Em casos graves, pode ser indicada a histerectomia, cirurgia de retirada do útero — decisão que deve respeitar o desejo da mulher sobre maternidade. Fatores como histórico familiar, obesidade e alterações hormonais influenciam no surgimento dos miomas. Mulheres negras apresentam até três vezes mais probabilidade de desenvolver a condição, com sintomas mais intensos e precoces, segundo a Febrasgo.

A campanha Julho Roxo convida mulheres a romperem o silêncio e a reconhecerem que dor e sofrimento menstrual não devem ser normalizados. “Sentir dor todos os meses não é normal. O acesso à informação, diagnóstico e tratamento adequado é o que pode mudar essa realidade”, afirma Travessa.