quinta-feira, 10 de julho de 2025

Manina Aguiar: a voz que ecoou resistência e comunicação popular em Pernambuco

 


O Centro das Mulheres do Cabo (CMC) comunicou com profunda dor o falecimento de Manina Aguiar, radialista, educomunicadora e militante incansável na defesa dos direitos das mulheres, crianças, jovens e comunidades periféricas. A notícia da sua partida repentina abalou profundamente o movimento feminista e os coletivos de comunicação popular em Pernambuco.

Por mais de duas décadas, Manina foi uma das vozes mais firmes e afetuosas do CMC, atuando em caminhadas, atos públicos, seminários e, principalmente, à frente do programa Rádio Mulher, que ela coordenava e apresentava com paixão na Rádio Calheta FM, no Cabo de Santo Agostinho. Sua presença era sinônimo de escuta, coragem e compromisso com a transformação social.

“Estamos despedaçadas com sua partida tão repentina, mas queremos agradecer por todo o seu legado, toda a sua dedicação e nos vários espaços que ela se fez presente na militância e na resistência”, declarou o CMC em nota oficial.

Manina Aguiar será lembrada por sua alma generosa, sua solidariedade com todas as pessoas que cruzaram seu caminho e por sua incansável luta por uma comunicação mais democrática, inclusiva e comprometida com a justiça social.

O Centro das Mulheres do Cabo agradece por sua vida e por tudo o que ela representou para tantas pessoas e territórios. “Nós te amaremos para sempre”, conclui a nota.

📻 Um legado em nome da Comunicação

Manina Aguiar foi uma das vozes mais atuantes da comunicação popular em Pernambuco. Radialista, educomunicadora e militante feminista, atuou por muitos anos no Centro das Mulheres do Cabo (CMC), onde coordenava o programa Rádio Mulher, transmitido pela rádio comunitária Calheta FM 98,5, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife.

Com uma trajetória marcada pelo engajamento social, Manina utilizou o rádio como ferramenta de transformação e empoderamento, especialmente para mulheres e meninas de comunidades periféricas. Sua atuação se destacou por unir informação, formação política e escuta ativa, sempre com foco nos direitos humanos, na equidade de gênero e na justiça social.

📻 Rádio Mulher e o protagonismo feminino

À frente do Rádio Mulher, Manina Aguiar promoveu debates sobre temas como enfrentamento à violência de gênero, racismo, diversidade, saúde da mulher, direitos sexuais e reprodutivos, além de pautas culturais e comunitárias. O programa também abriu espaço para lideranças locais, especialistas e jovens comunicadoras em formação.

Um dos projetos mais emblemáticos sob sua coordenação foi o Meninas em Movimento, uma série especial de programas de rádio voltados ao enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes. A iniciativa foi fruto de uma parceria com organizações como ActionAid, Casa da Mulher do Nordeste e o Centro das Mulheres do Cabo, com apoio do Programa Petrobras Socioambiental. A proposta incluiu oficinas de formação em comunicação para meninas de territórios populares, incentivando o protagonismo juvenil e a ocupação dos meios de comunicação.

📻 Comunicação como memória e resistência

Manina também foi uma das apresentadoras do Rádio Mulher em edições especiais que celebraram a memória da comunicação popular em Pernambuco, como os 40 anos da TV Viva — projeto audiovisual comunitário que marcou gerações com exibições públicas em bairros e comunidades. Nessas ocasiões, ela reforçava a importância de preservar e valorizar a história da mídia alternativa e das experiências coletivas de comunicação.

Sua atuação foi destaque em programas como Vozes do Campo e da Cidade, da ASA Brasil, onde compartilhou reflexões sobre o papel das mulheres na comunicação popular e na resistência política.

Com uma linguagem acessível, afetuosa e combativa, Manina Aguiar foi uma referência para quem acredita no poder da palavra como instrumento de transformação social. Sua voz ecoou não apenas nas ondas do rádio, mas também nas lutas cotidianas por um mundo mais justo, plural e democrático.