quinta-feira, 26 de junho de 2025

Bovinocultura de corte no Agreste ganha força com projeto de capacitação e sustentabilidade

A bovinocultura de corte, uma das principais atividades agropecuárias do Agreste Meridional de Pernambuco, ganhou um importante reforço para enfrentar os impactos da estiagem e aumentar sua sustentabilidade. O projeto "Desenvolvendo a bovinocultura de corte no Agreste", idealizado pelo Sebrae/PE em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), está oferecendo suporte técnico e capacitação a produtores da região.

Com investimentos superiores a R$ 400 mil, a iniciativa abrange os municípios de Bezerros, Sairé e Gravatá, beneficiando dez criadores de gado de corte até dezembro de 2026. O foco está na melhoria da gestão, na adoção de tecnologias adaptadas ao clima semiárido, no estímulo à formação de cooperativas e no fortalecimento da cadeia produtiva local.

Segundo Fabiana Santos, analista do Sebrae/PE, o projeto visa minimizar os efeitos da seca por meio da implementação de recursos forrageiros estratégicos, capacitação em boas práticas de manejo e suporte à produção alimentar do gado. “Queremos que os produtores tenham maior autonomia, reduzam custos e melhorem a qualidade do produto sem comprometer o bem-estar dos animais”, afirma.

Com um rebanho estimado entre 600 mil e 800 mil cabeças, a região utiliza principalmente a raça Nelore, mas já investe em cruzamentos com raças europeias, como a Aberdeen Angus, buscando maior qualidade da carne. A produção ocorre, em sua maioria, em pequenas e médias propriedades rurais voltadas à criação de bezerros e produção de carne.

Além de capacitações técnicas, os produtores receberão orientações sobre análise de solo, correção e adubação, além de boas práticas sanitárias e nutricionais. O objetivo final é viabilizar o ciclo completo da bovinocultura — da cria à engorda — mesmo em períodos de baixa disponibilidade de insumos.

Voz do campo

O veterinário e produtor Antônio Torres destaca os altos custos como um obstáculo. “Devido à seca, não estamos conseguindo engordar os animais. O Sebrae está fazendo um trabalho muito bom, e precisamos de uma associação para conseguir comprar insumos mais baratos”, afirma.

A pecuarista Ana Carolina Vieira complementa: “Estamos com uma oportunidade rara de aprender e produzir com qualidade. A vontade é essa, e eu quero trabalhar para isso.”