Brasília, DF – No sábado, 26 de julho de 2025, o Museu Nacional da República será palco da quinta edição do encontro anual "Julho das Pretas que Escrevem no DF", parte da programação do Festival Latinidades. Com o tema “Escrever o afrofuturol”, o evento celebra a produção literária de mulheres negras, buscando dar visibilidade, promover trocas e fortalecer a presença feminina na literatura brasileira. A iniciativa ocorre no mesmo mês em que a Academia Brasileira de Letras (ABL) elege a primeira mulher negra de sua história.
O encontro, idealizado pela escritora e jornalista Waleska Barbosa em 2021, visa unir mulheres que escrevem ou desejam iniciar na escrita, incluindo aquelas que ainda não publicaram. Profissionais da cadeia produtiva do livro, como editoras, ilustradoras e revisoras, além de compositoras e slammers, também são bem-vindas. O objetivo é exaltar a produção literária e editorial das participantes, fomentando o reconhecimento e a colaboração em rede, além de combater o apagamento e a invisibilização histórica do trabalho dessas autoras.
Homenageadas de 2025 e programação diversificada.
Em 2025, o "Julho das Pretas que Escrevem no DF" homenageará as escritoras Andressa Marques e Ramila Moura, a jornalista Juliana Cézar Nunes e a compositora e Mestra Martinha do Coco. A escolha do tema "Escrever o afrofuturol" busca incentivar o potencial de cura e empoderamento na leitura e literatura, convidando as meninas a explorarem sua ancestralidade e a força da palavra.
A programação do evento, que acontecerá das 14h às 18h, inclui sarau, rodas de conversa, exposição e venda de livros, além do lançamento de obras. Entre os lançamentos previstos estão a coletânea "Oralidade agora se escreve", que homenageia a matriarca Lydia Garcia e reúne textos de autoras de diversas regiões do Brasil, organizada por Lia Vieira, além de "Ananse", de Nanda Fer Pimenta, e "Ipês não são domesticáveis", da própria Waleska Barbosa.
Um movimento de fortalecimento e representatividade
O coletivo "Julho das Pretas que Escrevem no DF" teve início em 2021 com cerca de 20 integrantes e, atualmente, reúne 70 mulheres com produção literária em diversos gêneros, como poesia, crônica, romance, conto e infanto-juvenil, além de obras que adaptam trabalhos acadêmicos.
Para a poeta Kaju, participante desde a primeira edição, o encontro é um momento crucial de coletividade: “Faz a gente se sentir menos sozinha como escritora negra. Pelo menos eu, saio de lá nesse clima maravilhoso sempre presente no nosso encontro que é de autoestima, coletividade, mulheres pretas juntas saindo da solidão, da escrita solitária. Eu amo, me sinto viva e próspera”, relata.
O evento reforça a formação de leitores, mostrando que o Distrito Federal possui suas próprias autoras, com diversidade de gêneros e para todos os gostos.
Perfis das homenageadas 2025:
* Andressa Marques: Escritora, professora e doutora em literatura pela Universidade de Brasília (UnB). Autora de "A construção", romance vencedor do concurso Toca Literária. Andressa descreve o Julho das Pretas que Escrevem no DF como um evento extraordinário que confere visibilidade às vozes literárias e afirma a produção das autoras pretas do Distrito Federal.
* Ramila Moura Mendes Vieira: Jornalista, pós-graduanda em Letramento Informacional e autora do livro "Antes que o ano acabe vou publicar meu primeiro livro". Ramila se sente honrada em ser homenageada ao lado de escritoras tão potentes, destacando a continuidade e o desafio de contar histórias, assim como Carolina Maria de Jesus.
* Juliana Cézar Nunes: Jornalista premiada, fundadora da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-DF), da irmandade Pretas Candangas e do coletivo Paó Comunicação. Juliana expressa sua enorme honra em estar entre as homenageadas, vendo o movimento crescer e inspirar outras mulheres negras na "escrevivência".
* Mestra Martinha do Coco: Compositora e cantora de coco, maracatu e ciranda, nascida em Olinda (PE) e enraizada no Paranoá (DF). Gravou dois discos, "Rodas Griô" (2017) e "O Perfume Dela" (2019), e é considerada uma das principais referências no cenário cultural do DF. Para Martinha, ser valorizada pelo Julho das Pretas que Escrevem no DF é uma honra, especialmente por ter suas letras de música reconhecidas como escrita.
Serviço:
O quê: 5º Julho das Pretas que Escrevem no DF
Quando: 26 de julho de 2025 (sábado), das 14h às 18h
Onde: Festival Latinidades (Anexo II - Museu Nacional da República)
Inscrições: Gratuitas para participantes via formulário nas redes sociais (@julhodaspretasqueescrevemdf). Público em geral deve seguir as orientações do Festival Latinidades para retirada de ingresso.