Na cidade de Tracunhaém, Zona da Mata Norte de Pernambuco, o canto é mais do que arte: é tradição, resistência e memória. Nesta quinta-feira (22), a cidade será palco da estreia do curta-metragem Cantadeiras de Tracunhaém, que traz à tona histórias de sete mulheres negras que utilizam o canto como um elo entre passado e presente.
O evento acontece na Praça do Trabalhador Rural, no Bairro Novo, a partir das 19h, e contará com exibição gratuita, distribuição de pipoca, acessibilidade para o público e uma roda de conversa com as realizadoras e personagens do filme.
Dirigido por Silvia Ribeiro, Cintia Viana, Helena Tenderini e Amandine Goisbault, o documentário nasce do desejo de resgatar e visibilizar uma tradição oral perpetuada por mulheres ao longo de gerações. Inspirado no sonho de Maria Lopes, avó de Silvia, que almejava ser reconhecida como artista, o filme é um gesto de afeto e reparação.
Maria Lopes faleceu há pouco mais de um mês, mas sua voz e trajetória conduzem a narrativa, marcando o enredo com emoção e urgência. Além dela, Dona Chiquinha, rezadeira e cantora de 98 anos, também deixou sua marca no documentário antes de partir, em janeiro deste ano.
O filme reúne ainda outras cantadeiras que expressam a relação entre música e ancestralidade, como Rogerete, mãe de santo e rezadeira; Helena, que encontrou na reza e na capoeira formas de libertação; Dona Zefinha, rezadeira de longa data; Maria do Coco, fundadora do Coco Panela de Barro; e Fernanda, uma jovem mestre de maracatu de baque solto.
As filmagens ocorreram ao longo de um mês de pré-produção e uma semana de gravações, com roteiro construído em diálogo com as cantadeiras. A trilha sonora é feita pelas próprias protagonistas, reforçando a essência documental e a autenticidade da obra.
O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo Pernambuco e conta com apoio do Governo do Estado, da Secretaria de Cultura, do Ministério da Cultura, da Prefeitura de Tracunhaém e da Secretaria Municipal de Cultura.
Com informações do jornalista Salatiel Cícero
