A crítica teatral em Pernambuco tem desempenhado um papel
essencial na valorização da cena artística local desde o século XIX.
Inicialmente presente nos jornais por meio de resenhas assinadas por autores
anônimos—sob pseudônimos como O Kapla, O Espectador e O
Sentinela—essa prática foi se consolidando ao longo dos anos até atingir um
alto nível de profissionalização.
No início do século XX, críticos renomados passaram a
assinar textos e a estruturar análises mais aprofundadas sobre os espetáculos
apresentados nos palcos pernambucanos. Nomes como Manoel Arão, Mário
Melo, Samuel Campello e Valdemar de Oliveira foram
fundamentais nesse processo, trazendo reflexões sobre dramaturgia, encenação e
interpretação.
Os embates entre críticos, público e artistas sempre
marcaram a trajetória da crítica teatral no estado. Em 1900, a peça Drama do
Ódio, de Manoel Arão, gerou grande repercussão nos jornais, levantando
discussões sobre os limites da liberdade artística e da ética na produção
teatral. Esse tipo de polêmica ajudava a estimular o debate e consolidar a
importância da crítica na formação do pensamento sobre teatro.
Já na década de 1950, o teatro pernambucano começou a
ganhar reconhecimento nacional, impulsionado por grupos como o Teatro de
Amadores de Pernambuco (TAP). Críticos passaram a acompanhar e analisar
montagens que se tornaram marcos da dramaturgia brasileira, como Auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna. Curiosamente, a peça, que hoje é
considerada uma das mais importantes do teatro nacional, não foi bem recebida
pelo público e pela crítica em suas primeiras apresentações.
Atualmente, a crítica teatral em Pernambuco continua
exercendo um papel fundamental na cena cultural do estado. Seja por meio de
análises publicadas na imprensa, seja por debates promovidos em redes sociais e
eventos acadêmicos, ela segue acompanhando e dialogando com as transformações
do teatro, refletindo as mudanças estéticas e sociais que influenciam a
produção artística.
Ao longo dos séculos, a crítica teatral pernambucana se manteve viva e relevante, ajudando a construir e preservar a identidade do teatro no estado e contribuindo para a valorização da arte cênica no Brasil.