terça-feira, 6 de maio de 2025

Alvin Lucier (1931-2021) segue vivo graças à ciência; saiba como

 

O que acontece quando arte, ciência e tecnologia se unem? O projeto Revivification responde a essa pergunta ao criar uma instalação sonora baseada em um "mini-cérebro" desenvolvido com células do lendário compositor Alvin Lucier. Morto em 2021, Lucier foi um dos maiores nomes da música experimental e segue influenciando o cenário artístico por meio dessa iniciativa inovadora.

A ideia surgiu em 2018, quando Lucier começou a colaborar com um grupo de artistas e cientistas, incluindo Guy Ben-Ary, Nathan Thompson, Matt Gingold e o neurocientista Stuart Hodgetts, da Universidade da Austrália Ocidental. Dois anos depois, o compositor doou amostras de sangue para que suas células fossem reprogramadas em células-tronco pluripotentes induzidas (IPSC). Essas células deram origem a organoides cerebrais, estruturas tridimensionais que imitam a atividade neural humana.

Agora, esses organoides estão em exposição na Art Gallery of Western Australia, onde são conectados a 20 placas de latão que vibram e geram sons contínuos, criando uma experiência sonora imersiva. Os visitantes também podem interagir com a obra, pois os organoides recebem estímulos sonoros do ambiente e respondem às vibrações.

Alvin Lucier ficou mundialmente conhecido por explorar a relação entre som e espaço, sendo pioneiro no uso de ondas cerebrais para gerar música, como fez na obra Music for Solo Performer (1965). Revivification leva essa experimentação a um novo patamar, levantando questões sobre criatividade, memória e os limites entre biologia e tecnologia.

Com essa iniciativa, Lucier não apenas deixou um legado sonoro, mas segue "revivificado", com sua mente musical ainda em atividade. O projeto se torna, assim, um exemplo do que a ciência pode fazer pela arte.

Vídeo-Documento - Projeto Revivication


Alvin Lucier - 
Music on a long thin wire (1980)