Olá leitores da Sendo Prosperidade aqui pelo blog da Taís Paranhos, tudo bem com vocês? Esta semana, terminado o período do Novendiali, nove dias de luto após a morte do Sumo Pontífice, e, enfim, chegado o tempo de Conclave, reunião do Colégio Cardinalício para eleger o bispo de Roma, vamos falar sobre o modelo de liderança do Papa Francisco, um líder que entre muros e pontes, realizou, com maestria, uma revolução espiritual pela ótica da liderança corporativa, não apenas da Igreja. E você aí que já torceu o nariz só por julgar Francisco como “comunista”, parabéns por essa sua dicotomia mas, sinto dizer que Francisco era um conservador nato. Apenas, tinha jogo de cintura em saber governar e dar continuidade ao que foi predestinado pelo Papa emérito Bento XVI que renunciou, apenas, por questões de saúde.
Não é de agora essa polarização. Quando se fala em contemporaneidade, é muito comum se falar em extremismo: uma divisão da sociedade em pólos que representam posições diferentes sobre um determinado tema. Porém, essa palavra tem sido usada de modo negativo, uma vez que passou a se referir a disputa entre dois grupos que se fecham em suas convicções e não estão dispostos ao diálogo. Não é à toa que a democracia vai muito além do voto. Como apontam Steven Levitsky e Daniel Ziblatt no best-seller “Como as democracias morrem”, ela requer respeito a regras comuns, reconhecimento da legitimidade dos adversários (ou seja, tratá-los como competidores legítimos dentro de uma disputa igualitária), tolerância e diálogo. E o excesso de polarização compromete toda essa dinâmica. A partir do momento em que nos centramos em radicalismos, diálogos não são permitidos.
Então, abrindo o canal de diálogo por aqui, sinto informar - principalmente para os que achavam o contrário -, o Papa Francisco não passava de um reformador conservador, tal qual seus antecedentes. Ele não foi um liberal que diluiu tradições. Francisco reforçou a doutrina, cobrou fidelidade doutrinária dos centros acadêmicos, reafirmou a antropologia cristã e promoveu reformas que não relativizaram o ensino, reforçou a antropologia e a moral cristã, aprofundou não só a raiz, como, discretamente, ajustou a estrutura interna da igreja.
Ao invés de rupturas bruscas, Francisco escolheu a reforma silenciosa. Ajustou estruturas, enfrentou crises financeiras no Vaticano, interveio na administração da Cúria Romana e buscou devolver à Igreja um perfil mais pastoral e menos mundano. Como líder, enfrentou e superou o desafio de governar uma das instituições mais antigas do mundo em tempos de profundas tensões sociais. Fez reformas, corrigiu rumos, enfrentou resistências - sem trair a essência do que liderava.
Foi criticado por liberais por não ceder ao relativismo moral, assim como por conservadores por abrir espaços de escuta e diálogo em tempos delicados. Isso foi sinal de que permaneceu fiel à missão e não aos aplausos e nem aos holofotes. Francisco, em feliz memória, deixa um legado de liderança silenciosa, conservadora e de profunda responsabilidade institucional. Afinal, liderar é reformar sem destruir; é avançar sem trair a essência. Finalizo o artigo desta semana afirmando que apesar de estarmos em tempos de inteligência artificial, para lidar com o ser humano é preciso, no mínimo, de inteligência emocional, paciência, razão e controle, enfatizando o sábio ensinamento deixados por Santo Agostinho, mestre também para o nosso tempo, de que devemos dialogar e discutir ideias com humildade e respeito, pois a busca pela verdade está ligada à busca pela felicidade e por Deus, alimentada pela oração e reflexão. Que venha a fumaça branca, anunciando o novo Pontífice cheio de serenidade e equilíbrio.
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire, fez parte da Pastoral de Comunicação da AOR e da Paróquia de Nossa Senhora do Ó e é membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.