quarta-feira, 21 de maio de 2025

Muito além do jogo: o impacto do esporte na integração de migrantes


O esporte tem se mostrado uma poderosa ferramenta para promover inclusão e fortalecer laços comunitários em Pernambuco. Uma iniciativa da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, em parceria com a Cáritas Alemanha e a Cáritas Brasileira, tem utilizado o kickingball e o beisebol para unir migrantes e brasileiros, combatendo a xenofobia e incentivando a convivência entre diferentes culturas.  

Entre os projetos apoiados estão as Leonas do Recife, um time de kickingball formado majoritariamente por mulheres migrantes da Venezuela, e os Lobos de Igarassu, uma equipe de beisebol composta por jovens de diversas nacionalidades. Com cerca de 30 participantes, a iniciativa tem sido um espaço de empoderamento e acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade.  

Brainerd Hernandez, articulador local do Programa de Migração e Refúgio da Cáritas Brasileira NE2, explica que a proposta faz parte de um conjunto de estratégias voltadas à promoção dos direitos humanos por meio do esporte, cultura e convivência comunitária.  

Os treinos ocorrem às sextas e sábados na Praia de Boa Viagem, proporcionando momentos de descontração e apoio mútuo entre as jogadoras. Para Lérderis Guerra, capitã das Leonas do Recife, o projeto representa uma fusão de identidades: "Somos o primeiro time de kickingball de Recife, organizado pelo Club Venezuelano. O esporte mistura o beisebol, tão importante para nós, e o futebol, paixão dos brasileiros. Essa fusão me faz sentir em casa, mesmo longe."  

O impacto da iniciativa se estende também a brasileiras que descobriram no kickingball uma nova paixão. Vanessa L., que integra a equipe, destaca o caráter integrador da experiência: "Nunca tinha ouvido falar nesse esporte, mas me apaixonei. Mais do que jogar, é sobre construir pontes entre culturas."  

A proposta se soma a outras ações da CBNE2, como a Copa Pernambucana dos Migrantes e Refugiados, que desde 2019 utiliza o futebol para dar visibilidade à temática migratória e reforçar o papel do esporte na construção de um país mais inclusivo e plural. "Acreditamos no esporte como uma ferramenta de transformação social, capaz de acolher e dar voz às populações em situação de vulnerabilidade", conclui Brainerd.