O Professor e músico Antonyel Pacheco compartilha sua paixão por ensinar música para crianças, destacando como a arte transforma vidas e fortalece a autoconfiança. Ele explica sua metodologia inovadora, voltada para a prática e o envolvimento emocional dos alunos, e comenta sobre a escolha de repertórios que conectam gerações, com destaque para o rock nacional. Suas apresentações ganharam visibilidade nas redes sociais, gerando repercussão positiva e incentivando seus alunos a seguir na música. Ele celebra o impacto de sua iniciativa e já planeja novos projetos para expandir o alcance do ensino musical.
Vamos acompanhar a primeira entrevista da série #EntrevistasInéditas?🎶✨
Antonyel Pacheco, um dedicado professor de música do
Maranhão, não é apenas um educador, mas um visionário que utiliza a arte para
moldar futuros e inspirar gerações. Com seus vídeos viralizados ao lado de
jovens talentos interpretando clássicos do rock nacional, como "Tempo
Perdido" da Legião Urbana, Antonyel tem conquistado a internet e corações,
mostrando o poder transformador da música. Sua trajetória, projetos e a
inovadora metodologia de trabalho foram recentemente tema de uma entrevista
exclusiva concedida ao Blog Taís Paranhos, onde ele compartilhou detalhes sobre
sua jornada.
O rock nacional sempre foi uma paixão e uma constante na
vida de Antonyel. Nos anos 2000, ele montou uma banda só com seus alunos,
"Zona Urbana", em homenagem à Legião Urbana, uma experiência que
marcou profundamente sua vida. Quando percebeu que tocar rock era o que fazia
com mais amor, o projeto com os alunos "explodiu". Antonyel faz
questão de incutir o rock nacional no repertório de seus alunos, considerando-o
"música de qualidade, música de referência". A escolha das músicas é
cuidadosa, levando em conta o nível do aluno, o que de fato tem
"conteúdo" para eles e a análise do público. Ele busca músicas que
enriquecem a musicalidade, mesmo que, por vezes, sejam flexíveis quanto à
complexidade harmônica, desde que tenham impacto positivo.
Ensinar crianças apresenta seus desafios, e Antonyel aponta
que o maior deles são os pais. Ele precisa conscientizá-los de que o processo
musical é "lento e gradual", comparando-o ao aprendizado de caminhar
– cada criança tem seu tempo. Sua metodologia de sensibilidade também o ajuda a
adaptar a forma de ensinar a cada criança, promovendo a coletividade entre os
alunos, onde os mais avançados esperam pelos que estão no início, e vice-versa,
criando um senso de equipe. A decisão de gravar vídeos com os alunos não é
meramente para exibição; é parte da metodologia.
A atuação ao vivo e a gravação
são vistas como formas de aprendizado e formalização do processo, incentivando
outras pessoas ao mostrar o talento das crianças. Para Antonyel, os vídeos são
parte de um processo de construção, mostrando a evolução sem medo de errar ou
de julgamentos da internet. Entre os momentos mais marcantes, a apresentação no
Teatro Arthur Azevedo se destaca. Foi uma experiência de "pressão" e
"vivência" importante, que servirá para outros projetos. O professor
também se orgulha imensamente quando seus alunos conseguem concluir um acorde
ou tocar uma música que consideravam complexa.
Com tantos projetos em andamento, Antonyel Pacheco ainda
guarda um grande sonho: dividir o palco com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá,
da Legião Urbana, ao lado de seus alunos. Ele descreve isso como "ganhar
na loteria" e "zerar a minha vida", um objetivo que demonstra
sua admiração e o desejo de proporcionar experiências inesquecíveis aos seus
jovens músicos. Vamos conhecer mais esse maranhense que ganhou o Brasil ?
O que motivou a
ensinar músicas para as crianças?
Então, eu trabalho com
musicalização, com aulas de músicas, desde o início dos anos 2000. Eu tinha 16
anos e meu pai tocava violão, achava aquilo incrível. Eu desenvolvi de forma
autodidata, ali com os meus irmãos todos juntos, desenvolvendo. Era interior do
Maranhão, né? Grajaú interior do Maranhão. Nesse desenvolvimento, a gente
acabou montando outras bandas e percebeu que, naquele momento, é óbvio que
crianças ali no início da juventude. E percebemos que aquilo transformou nossas
vidas, aquilo trouxe sonhos, trouxe diversos desejos. E, a partir daquele
momento, eu percebi que a música é muito importante na vida das pessoas,
principalmente de um adolescente, de uma criança que, sei lá, de repente, você
cresce no interior do estado do Maranhão, o estado que, apesar de ser
maravilhoso, tem lá seus problemas, suas deficiências. E você se vê com uma
perspectiva, com um sonho. Então a música traz isso, ela te coloca em um
patamar que você consegue ter sonhos, independente de onde você esteja. E eu pensei em transferir isso para as crianças. Que, independente
de qualquer coisa, você tem sempre que sonhar. E a música, ela te dá essa
oportunidade de você sonhar. A arte te dá essa oportunidade. Então parte daí do
princípio de querer levar esse sonho também adiante. Para que as crianças
tenham sempre essa perspectiva de sonhar.Como surgiu a ideia de gravar vídeos das apresentações dos seus alunos?
A ideia de gravar vídeos, ela parte do princípio de que a gravação, a atuação ao vivo, ela é uma forma de você aprender também. É como o esporte, um jogador de futebol, ele nunca vai fazer nada sozinho, ele sempre precisa da equipe, ele sempre precisa dos jogadores, todo mundo sincronizado, todo mundo bem posicionado, para que o time consiga alcançar o seu objetivo, que no caso é o gol. Na música, no caso, é a harmonia. Todo mundo em harmonia, todo mundo na mesma melodia, na mesma sintonia. Então, a partir do momento que você pensa em gravar os vídeos, você pensa também em formalizar a metodologia, pra ver que aquilo de fato funciona. Mas eu sempre gravei sozinho, né? Eu gravava só, apresentava, acho que mais aquela questão do ego, de mostrar o talento. Mas é que não dava nada, porque, assim, uma pessoa tocando um instrumento na internet, tem milhares de outras pessoas também fazendo isso. E às vezes até melhor. E por que não mostrar as pessoas como forma de incentivar crianças tocando? Desculpa. Seria essa forma de também incentivar as outras pessoas. Então a gravação, como parte da metodologia, ela parte também como parte de inspiração, para que outras pessoas possam ver, se inspirar e ver que aquilo é fabuloso. Mas sempre no processo de construção. De que você está evoluindo, você mostra sem medo de errar, sem medo de nada. Independente dos julgamentos que virem a ter, porque a internet é terra acendente. Apesar de tudo, as pessoas sempre vão ter alguém para fazer alguma coisa. Você não tem que ter medo disso, não. Então, a ideia é gravar a parte daí, desse princípio.

Você tem uma metodologia específica para ensinar música? Pode falar um pouco sobre ela?
Sim, eu tenho uma metodologia específica. A metodologia da sensação. Como é que funciona isso? A ideia é fazer com que a criança ou adolescente sinta a música. A música é uma arte de expressar sentimentos e sensações através de sonoridades. E tocar um instrumento nada mais é do que você transmitir esse sentimento através dos acordes, das notas. Quem escuta música busca alguma coisa. Busca alguma coisa. Se você tá triste, você coloca uma música com harmonia triste. Se você tá feliz, você coloca uma música com harmonia feliz. Às vezes nem liga tanto pra letra, muito mais porque ela passa a sentir que é o complexo harmônico, né? A harmonia em si, ela traz essa sensação. E a minha metodologia parte daí, é uma metodologia de sensação. Então o primeiro passo é aguçar essa sensação, fazer com que a criança entenda o que ela tá tocando, ela entenda que um acorde maior, acorde, a junção de três ou mais notas tocadas juntas ali, um acorde maior, ela traz uma sensação de, como é que eu te digo, uma sensação de alegria, uma coisa mais aberta, E um acorde menor traz uma coisa mais fechada, mais triste. Um acorde dissonante traz um ato mais tenso, mais sombrio. Então, tudo que você escuta, tudo que você está ouvindo é harmonia. O canto do pássaro, a buzina do carro, todo som tem um propósito na tua vida. A proposta da metodologia é exatamente essa. Então, não é uma metodologia amarrada, é uma metodologia mais filosófica, de discussão e de percepção. Óbvio que pautada em ciência também. Não que a filosofia conflita com a ciência de forma alguma. Não é esse o parâmetro, mas que apesar de ter a metodologia ortodoxa, que você vai ter que ensinar sobre notas musicais, sobre harmonia, sobre montagem, mas antes disso você precisa primeiro ensinar a criança a sentir. O Chico Buarque, quando vai compor uma canção, é incrível que pareça, apesar dele ser um excelente músico, ele em entrevista já falou que ele primeiro sente o que ele quer passar, o sentimento, só depois que ele vai colocar os acordes. Aqui no Maranhão nós temos um compositor maravilhoso chamado Luiz Bucão, É um dos compositores da Companhia Barriga, da qual eu faço parte, e ele não sabe dar um dó no violão, mas ele compõe músicas incríveis. Por quê? Porque ele tem a sensação, o sentimento aguçado. Então, a metodologia é pautada na sensibilidade. A forma disso é que a criança possa sentir a música e se emocionar com ela. Sem perder, claro, a questão do lado também ortodoxo, matemático lá, que você sabe como é que funciona.
Qual foi o momento mais marcante que você já teve com seus alunos?
O momento marcante, às vezes, nem é gravado pelas telas. É o momento de entrega mesmo, porque antes de tudo, a gente tentava... Demorou um pouco para a gente aprender como fazer isso, porque a gente não queria parecer plastificado, não queria parecer uma coisa chata, mas uma coisa natural, específica. Então tentamos passar da forma mais natural possível. Agora sim que a gente consegue capturar pelas câmeras um momento especial, natural. Mas se você me pergunta uma expectativa de vivência, a apresentação que fizemos no Teatro Arthur Azevedo foi o ponto alto, que ali foi para valer. Você estava num teatro importante, um dos teatros mais importantes do Brasil, para uma plateia incrível, a gente tinha ali sete minutos para fazer uma performance, levar os instrumentos, tocar aquela coisa então foi um momento de pressão de vivência para eles importante que vai servir para outros projetos que a gente está buscando envolvendo eu considero esse até agora o mais importante mas sem esquecer de citar também que houve alguns momentos quando eles conseguem concluir um acorde alguma coisa isso me enche de orgulho ou tocar uma música que eles acham complexa entendeu isso me enche de orgulho!
Como você escolhe o repertório das apresentações? A escolha do repertório passa por diversas análises. Primeiro, é uma análise individual de cada um, o nível que cada aluno está para poder ver se ele consegue tocar aquilo ou não, mas eu nunca coloco isso para eles porque eu quero sempre dar a expectativa de que eles conseguem tocar. Ainda que eles acham uma coisa complexa toda, mas eu respeito os limites também. Não é uma coisa também de encorajar, você também tem que dar bom senso, porque às vezes não tá legal e você diz que tá legal. Não, se não tá legal, você tem que ser sincero, não tá legal. Vamos melhorar, não existe essa trava, entendeu? Você tem que passar segurança suficiente pro aluno pra ele entender que o professor vai dizer que aquilo não tá legal. Isso não quer dizer que você não consiga fazer. É mais ou menos nessa perspectiva. Entende? Então, partindo dessa perspectiva, de você entender o nível que o aluno tá, você escolhe o repertório. Aí você vê o que tá em evidência. Às vezes o que tá em evidência não é legal, né? São músicas... Você vê o que marca, você vê o que pega. Faz uma leitura também do teu público que te segue, pra você também não quebrar, não... Que querendo ou não, você não faz o repertório do show pra você. Você faz pras pessoas. Tanto que a gente mudou. A gente começa tocando coisas que a gente gosta, depois a gente vê que não é isso. Que não é pra nós o show. Os shows são pras pessoas que gostam de assistir. Então essa perspectiva, ela faz também da análise do público. Então vamos lá, o nível do aluno, a análise do público e o que realmente tem conteúdo pra eles, ao nível deles. Isso aqui vai acrescentar algo na vida dele, na música dele, ensinar uma música que, sei lá, só porque tá na onda, não, a gente tem que buscar sempre algo que tem a qualidade, que vai acrescentar na musicalização deles. Então tem essa ótica também. Nível do aluno, a perspectiva que ele tá, né? o público, que a gente também tem que respeitar, e o conteúdo. O que é que essa música vai trazer? Como que essa música vai enriquecer o aluno, né? Ela vai endereçar para outros ramos? Ela vai trazer, sei lá, bons frutos? Você também não precisa ser tão rigoroso ao ponto de querer, não. Músicas aí que, de repente, são pobres em harmonia, mas que têm um conteúdo aí que as pessoas passam a gostar, entendeu? Então, nós temos também essa flexibilidade.
Qual a importância do rock nacional para a formação musical das novas gerações?O rock nacional sempre esteve presente na minha vida. Sempre, sempre, sempre. Incrível, incrível, incrível. Lá nos anos 2000, quando eu comecei a dar aula, eu montei uma banda só com alunos. O nome dessa banda era Zona Urbana, que era uma homenagem à Urbana Nova. Era um cover que a gente fazia. E, cara, era incrível. Aquilo marcou a minha vida. Foi fundamental pra isso hoje. E aí, quando a gente começa a montar os projetos aqui, eu gravei um monte de música Sei lá, vamos voltar para o que eu mais gosto de fazer. E o que seria o que você faz com mais amor? Que é tocar rock. E aí explodiu. Cara, eu sempre passei para eles no repertório, então não é uma coisa diferente. Só não, sei lá, não tinha essa perspectiva que achando que isso fosse dar bons frutos, no sentido de mostrar o trabalho, que é um trabalho interessante. Mas o rock sempre viveu na minha vida. Eu sempre fui muito enquadrado no rock, no meu repertório. na minha vivência musical, apesar de, depois dessa banda que eu montei, ter aventurado por outros estilos, óbvio, se você sobrevive de música, você precisa tocar outras coisas que não aquilo que você gosta. Às vezes até é falsado mesmo, né? É lamentável, mas é a vida, faz parte. Então o rock nacional tá presente e a gente tenta passar pras pessoas, né? Porque é música de qualidade, é música de referência, não é um estilo qualquer.
Quais são os principais desafios de ensinar música para crianças? Então, são muitos os desafios de ensinar uma criança. Mas o principal desafio são os pais. Acredite. A primeira coisa que tem é conscientizar os pais de que o processo musical é um processo lento e gradual. Meu filho gosta de música e não sei o quê. Sim, ele pode gostar, mas necessariamente não quer dizer que ele vá chegar já tocando. E aí gera aquela ansiedade na criança, gera aquela perspectiva. E o próprio pai gera a expectativa. Não, você tem que ter paciência. Você tem que entender que toda criança tem seu tempo. É igual caminhar. Ah, meu filho caminhou com oito meses. Ah, meu filho caminhou com... Eu fui caminhar com um ano e meio. E hoje caminha igual os outros. Não teve diferença, não adiantou nada o outro caminhar na frente. Porque todo mundo vai caminhar um dia. Não sei se você tem um problema crônico. Mas a perspectiva é essa, de que não faz diferença. Então, na música é igualzinho. Você tem que ter a expectativa e a perspectiva. de que é um processo lento e gradual. Tem gente que tem mais aptidão, tem crianças que tem mais aptidão que outras. E é natural. Mas o maior desafio não é nem a própria criança em si, porque a gente entende, na verdade, a criança quando ela vem fazer aula de música, há uma leitura sobre ela. Não é o mesmo método que você aplica em um que você vai aplicar na outra, não. Você aplica o método adequado para aquela criança. Ah, mas agora você falava sobre seu método, seu método da sensibilidade. E é essa sensibilidade que faz com que você analise a perspectiva de qual forma ensinar para a criança. Você também não vai chegar e achar que, sei lá, você aplicando outro método não vai funcionar. O certo é que elas têm que tocar juntos, né? Porque aí você já tem uma certeza mais adequada de que aquilo ali tá funcionando. E você enquadra elas num processo social de que quem acha que tá acima tem que ter paciência pra esperar quem tá atrás E quem acha que tá atrás vai se sentir bem por ver outra pessoa que tá acima esperando ela aprender Então acaba também tendo esse efeito de coletividade Entendeu? Mas o maior desafio são os pais.
Como você enxerga o impacto da música na vida dos seus alunos?
É a coisa mais incrível é observar o impacto na vida deles. A diminuição do tempo de tela, o anseio deles pra vir, quando eles chegam com música nova, o relato dos pais de como eles se comportam no carro vendo música, vindo pra casa, como isso afeta na escola deles também, os professores, como eles passam a se sentir bem, importantes, mais seguros. Sabem que são mais capazes porque executam a arte, porque têm sensibilidade. Então esse impacto é visto logo de cara. A postura muda, a forma de falar muda, o jeito de olhar pra vida, pras coisas. Tudo isso é afetado de forma incrível. E eu me sinto muito realizado e feliz de poder compartilhar e levar isso pra vida deles. Tornar pessoas mais seguras, mais sensíveis e mais felizes.
Você recebeu algum feedback especial depois que seus vídeos viralizaram?Diariamente, diariamente eu sou bombardeado de feedbacks especiais. E eu fico muito realizado, muito feliz. É o que alimenta a alma. Isso vale mais do que dinheiro. Se eu dissesse pra mim, claro, sem demagogia o dinheiro é importante pra você comprar os instrumentos bons, o equipamento, viajar com a família, etc e tal. Mas eu te digo que é muito mais enriquecedor você ler uma mensagem de apoio, de incentivo, de elogio ao teu trabalho do que você ganhar dinheiro, sei lá, como eu falo aí, sem demagogia. Eu cobro pelas aulas, óbvio. Mas os elogios não tem como. Você não compra elogio, cara. Não tem como. O elogio vem natural. E não é um elogio qualquer, são palavras longas. O cara para, a pessoa para para escrever um textão para te elogiar. Isso não tem preço. Isso é maravilhoso. Esse feedback é incrível. Esse feedback é único.
Existe algum artista ou banda que você gostaria de tocar com seus alunos e ainda não teve oportunidade?Se for uma artista para tocar presencialmente, eu adoraria, seria um sonho, dividir o palco com o Dado Villa-Lobos e o Marcelo Bonfá, da Legião Urbana, com os meus alunos. Seria assim o Ganha na Loteria. Eu ia zerar a minha vida. Seria incrível. Agora fazer covers, são várias, a gente tá na lista aí com grandes bandas, a gente tem alguns preparados. Mas assim, tem muitos alunos, então vai na paciência, vai na calma, que uma hora você tem que postar vídeo de todo mundo. Não tem cobrança de pai, não tem nada, entendeu? E graças a Deus eu tenho um bom relacionamento com os pais dos alunos. Até porque eu faço uma filtragem também, pra ver se a filosofia bate, se aquilo ali vai realmente fluir. Mas os pais sempre gostam, sempre acham legal e se surpreendem. Nossa, meu filho é tímido, não imaginei que ele fosse fazer isso. Pois é, tá aí, tá fazendo.
Como seus alunos reagem ao sucesso dos vídeos? Eles se sentem motivados a continuar na música? Eles adoram o sucesso dos vídeos, eles amam, eles se sentem muito felizes, realizados. Eu confesso para vocês que como tem muita gente maldosa na internet, eu meio que filtro algumas palavras, algumas coisas, porque quem tem bom senso, né, vai entender que são crianças, mas tem gente que não tem bom senso. Tem cada um e você faz um filtrozinho para também não afetar, até porque os pais estão vendo, mas eu sou muito cuidadoso com isso, então não é problema, mas eles amam, eles reagem E aí, eu que sou mais exigente, né, com eles. Por eles, assim, todo vídeo eu colocava, mas eu não, vamos fazer uma coisa bonitinha. E por incrível que pareça, aqui uma curiosidade no meio dessa pergunta, esse vídeo, tempo perdido, não ia pro ar. E não ia, cara. E, enfim, acabou indo. E foi, de fato, que levou a gente de volta ao auge, né, assim, trouxe a banda pra mais evidências. Desculpa, o projeto. A banda, eu digo assim, os alunos, pra mais, pra uma evidência maior, né. Porque nós tínhamos um vídeo viralizado anterior, mas ele viralizou como família. Eu tava com os meus alunos e eles pensavam que era uma família, e a galera chegou pensando que era família. Agora não, as pessoas vieram realmente enxergando que é uma produção de uma escola de música.
Qual o papel das redes sociais na divulgação do seu trabalho como professor de música?As redes sociais exercem um papel fundamental, cem por cento, cem por cento, é importantíssimo. Como você divulgava ativamente um trabalho desse? Era no boca a boca, mas só o boca a boca às vezes não era necessário, porque a pessoa precisava ver e entender o seu trabalho. A rede social te proporciona isso, ver e entender o teu trabalho. E você também acaba atraindo o seu nicho ali, entendeu? Um nicho que você tem o seu público seletivo, Quem vem para ver os vídeos são pessoas que gostam de crianças, de música, que gostam de educação, que gostam de coisas boas. São pessoas do bem, são pessoas boas. Você não atrai pessoas. Não tem como uma pessoa ruim chegar... Tem, claro. Sempre tem. Mas não é um... coisa pra... não é um besterol. Tem gente que viraliza porque, sei lá, porque expôs uma criança no avião. Porque... tem cada forma de viralizar no Brasil hoje. E a gente vai e viraliza por música, com crianças, com arte. Isso é incrível. Isso é incrível. Então a rede social exerce um papel incrível na divulgação do trabalho. Não tem como pensar que esse trabalho não existiria sem rede social, de jeito nenhum.
Você tem planos para novos projetos musicais com seus alunos? Sim, sim, sim, sim, sim! Eu tenho um plano. O plano é montar as bandinhas que eu sempre quis. Na verdade, eu tenho uma... Não é preferência, mas tem uns alunos ali que a gente consegue ter uma conexão melhor. E nós temos uma banda chamada A Bandinha do Professor. Inclusive, a gente tá indo agora pro Rio. Eu vou dar mais detalhes sobre isso depois, a convite. Eu não posso falar muito agora sobre isso, mas... A gente tá indo para o Rio fazer uma apresentação com esses garotos, né? E expandir isso, a ideia é expandir, elevar tanto eles que têm mais carisma, que são... Não que os outros não tenham, todo mundo tem, claro, não é, não tem diferencial. Mas a questão da evidência para a rede social, a rede social qualifica eles com... Isso quando eu coloco o vídeo deles... Desculpa. Quando o vídeo deles entra em evidência, a questão é cheia, as pessoas gostam. Então, por que não apostar? não pensar em um projeto maior. Eu tenho sim esse projeto maior com eles. E eu espero realizar, porque é um sonho, é um sonho. Aquele projeto lá atrás que eu te falei, que eu montei a bandinha com os meus alunos lá nos anos 2000, pois é, agora eu quero materializar ele também, montar a banda com esses alunos agora. E numa perspectiva diferenciada, porque são crianças, entendeu?
Como foi sua própria formação musical e quais foram suas principais influências?
A minha formação musical é autodidata, né? Quando eu falei, meu pai era músico e naquela perspectiva de vivência com ele, eu acabei pegando interesse e comecei tocando numa banda de forró. 1997, com 13 aninhos, estava lá profissionalmente em cima de um caminhão tocando no interior do Maranhão. E todo mundo da mesma idade ali, todo mundo criança. É muito interligado as coisas, é bizarro. E ali nasce a minha formação musical, ali nasce o início, né? e depois você vai escutando outros gêneros mas assim a influência sempre foi rock sempre meu tio tinha uma vitrola e meu pai também ouvia Queen ouvia é por aquilo que pareça Red Hot Chili Peppers naquela época Guns N' Roses Legião Urbana, Barão Vermelho Titãs Paralamas então assim eu cresci com os meus tios ouvindo isso e meu pai também meu pai era um pouco mais jovem guarda mais vanguarda Mas ele gostava de Elton John, John Lennon. Então, assim, você pega muito essa vertente. Porque era o que eu ouvia em casa. E eu pensei, nossa, se você leva isso pra vida, não tem como. Transmite pra frente também, né? É música de qualidade. E eu tento também passar isso, essa mesma influência que eu tive, passar pra eles. Porque hoje, graças a Deus, assim, eu posso dar essa oportunidade pros alunos, pra eles terem essa influência. E essa minha influência foi subjetiva, não foi algo proposital que eu vou botar aqui. Não, eu nem sei. Talvez fosse, né? Talvez os meus tios, o meu pai, quando colocasse uma música dessas, talvez eles quisessem atingir a gente. Mas foi nessa perspectiva.
O que você diria para alguém que quer começar a aprender música, mas não sabe por onde começar? Eu diria o seguinte, que essa pessoa, ela teve um princípio para tudo na vida dela. Ela começou a andar, ela começou a falar, ela começou a comer. Isso foi uma intuição natural, biológica da natureza por necessidade. A música, a arte também é uma necessidade do corpo. Você só precisa entender o seu corpo, você só precisa entender o ambiente que você vive, os sinais, e vai ver que tudo na tua vida tem música relacionada. Não é nada complexo, não é nada difícil na hora de mecanizar aquilo. Talvez as pessoas se assustam pela metodologia que é incluída, pela forma, mas se você parar pra sentir, pra imaginar, você vai ver que você é capaz. Da mesma forma que você teve a introdução alimentar, você não sabia segurar o garfo, era difícil jogar o garfo na boca e acertar a comida na boca. Mas hoje você consegue. Você sabe a distância de pegar a colher e botar num prato e levar pra sua boca. Você não vai esbarrar na sua boca. Você pode até bater num dente alguma vez por acidente, mas o seu corpo sabe exatamente a distância. O seu corpo sabe exatamente expressar quando você quer falar bem com alguém, quando você quer gritar com alguém, quando você está com emoção. Isso tudo é importante. Você relaciona isso também para a música. Então do jeito que você quer se expressar, a música traz isso. É semelhante você entender que você controla os seus sentimentos, às vezes, ainda que sejam incontroláveis, mas o seu corpo dita a eles. Eu diria que, para a música, você segue no mesmo caminho da analogia que eu acabei de fazer. Você tem a comparação da analogia das condições vitais para a música. Aquilo, o balançar, o bater dos dedos, a forma como você se comporta, tudo isso faz parte do aprendizado. Então não tenha medo, vá em frente. Deixa só o corpo fluir. Todo corpo faz um ritmo. A fala, o coração, tudo tem ritmo, a música tá conectada, não tem como. Então não tenha medo, não tem como você não acertar, não tem como você não fazer. Você vai conseguir fazer. Só comece, só comece e sinta. E vá em frente. Tenha paciência.