terça-feira, 7 de agosto de 2012

Advogado admite que Banco Rural pediu vantagem a Dirceu


O advogado José Carlos Dias, que defende a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, confirmou nesta terça-feira que dirigentes da instituição pediram ao ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, os créditos referentes à liquidação do Banco Mercantil, do qual o Rural tinha ações. Dias disse não saber se o pedido foi feito por sua cliente e sustentou que a administração do banco era outra quando os empréstimos foram feitos. O fato teria ocorrido numa reunião em um hotel em Belo Horizonte, conforme acusa o Ministério Público Federal no processo no mensalão.

- Houve o pleito. Não sei se foi ela pessoalmente ou se outra pessoa fez. Mas não há ilegalidade alguma nisso. Foi uma reunião pública - disse o advogado.

Ele disse que, ainda que o pedido tenha sido feito por Kátia, ele não foi prontamente atendido, já que o Rural só teria conseguido os créditos do Mercantil neste ano. O advogado reforçou a tese apresentada na sustentação oral de que sua cliente não participou de nenhuma operação ilícita. E ressaltou que as atividades do Rural foram todas realizadas dentro da lei, embora Kátia não tenha atuado diretamente.

- Ela não participou de nenhuma dessas operações, só de uma renovação a um empréstimo ao PT - afirmou.

Dias voltou a lamentar a ausência da ministra Cármen Lúcia na segunda parte da sessão desta terça-feira:
- Lamento, acho ela uma grande ministra. Mineiro julgando mineiro seria muito bom.

O advogado disse confiar no STF, embora com ressalva.

- Temor a gente sempre tem, mais eu tenho muita esperança - declarou.

Nesta quarta-feira, a defesa do restante do chamado núcleo financeiro fará a sustentação oral no STF. Entre os advogados está o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, contratado por José Roberto Salgado, ex-dirigente do Rural. Ele disse que os advogados do grupo estão bastante entrosados em suas versões.

- Os fatos são os mesmos - explicou.


Jornal O Globo