domingo, 18 de maio de 2025

#SendoProsperidade com Mariângela Borba


Bebês reborn: uma busca por experiências controláveis

Por Mariângela Borba*

Olá você leitor do #SendoProsperidade, tudo bem? Nesta semana vamos trazer por aqui um artigo abordando vários aspectos dessa febre dos bebês reborn. Acredito que você já tenha lido ou ouvido algo a respeito como: “Boneco foi levado ao hospital e vídeo viralizou” (https://pleno.news/brasil/cidades/mae-de-bebe-reborn-explica-video-em-hospital-nao-atrapalhou.html) ou “Mãe de bebê reborn: mulher procura advogada para disputar guarda na justiça” (https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil/mae-de-bebe-reborn-mulher-procura-advogada-para-disputar-guarda-na-justica/). Por um lado, dá até para entender o fascínio pela perfeição e hiper-realismo dessas bonecas com peles macias criadas para se assemelhar ao máximo com um bebê e que podem trazer conforto para algumas pessoas. Mas, por outro, essa obsessão pode causar expectativas irreais sobre a maternidade e a infância. De uma certa forma, eu atribuo que a sociedade atual apresenta traços de comodismo, talvez como o personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato com a sua famosa frase “não paga a pena”, personificando um certo fatalismo e falta de ambição, características que podem ser associadas ao comodismo. Embora, o comodismo moderno, mesmo, é impulsionado pela busca por conveniência e facilidade, em vez de uma simples falta de vontade.

De acordo com psicóloga e palestrante Marisa Lobo, esse envolvimento emocional excessivo com bebês reborn pode ser um sinal de sofrimento psíquico, levando as pessoas a se afastarem de vínculos humanos em favor de uma fantasia controlável (https://pleno.news/opiniao/marisa-lobo/bebe-reborn-limites-da-realidade.html).

Já a psicanalista Thais Basile, observa que o cuidado com esses bonecos pode ser visto como uma forma de escapar das pressões da maternidade real, que é frequentemente percebida como pesada e desigual (https://www.otempo.com.br/brasil/2025/5/16/entenda-a-relacao-de-mulheres-adultas-com-o-bebe-reborn-e-o-que-isso-diz-sobre-maternidade).

Logo, no ponto de vista da antropologia, a antropóloga Débora Diniz argumenta que essa prática reflete a busca por experiências controláveis em um ambiente social cada vez mais complexo, levantando questões sobre a autenticidade das relações (https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/bebe-reborn-como-psicologia-e-marketing-moldam-um-mercado-em-alta).

Trazendo um pouquinho mais para a área de comunicação e marketing, posso afirmar que esse fenômeno vai muito mais além que um simples hobby, pois envolve necessidades emocionais, consumo afetivo e, pasmem!, estratégias de marketing digital. Mas como? O marketing tem explorado essa demanda, criando uma vitrine para discussões sobre empatia, maternidade, acolhimento e solidão digital. De uma maneira que a psicologia e o marketing digital podem criar mercados e moldar narrativas afetivas e sociais no nosso cotidiano.

Não assimilou ainda? Eu explico. Nas redes sociais o reborn virou protagonista de conteúdos completamente virais nos quais os usuários mostram vídeos de “partos”, rotinas maternas, consultas médicas e, acreditem se quiser, briga na justiça por direito a guarda compartilhada.

E é aí que as marcas encontram uma oportunidade de mercado, oferecendo não só os bonecos, mas roupas, pinturas, acessórios, creches temáticas.

Uma verdadeira humanização. E esse storytelling que humaniza é uma poderosa ferramenta de marketing que aproxima os diversos públicos.

É válido ressaltar que apesar de tudo, existe uma crescente preocupação com o impacto psicológico que esses bonecos podem ter, principalmente quando usados como uma forma de fuga da realidade.

Recentemente, legisladores têm se manifestado sobre o tema. Por exemplo, um projeto de lei propôs multas para quem levar bebês reborn para atendimento no SUS, enquanto outro visa criar um programa de saúde mental para pessoas que desenvolvem vínculos emocionais excessivos com esses bonecos, visando prevenir casos de depressão e suicídio (https://www.congressoemfoco.com.br/noticia/108533/deputado-propoe-multa-pesada-a-quem-levar-bebe-reborn-ao-sus). É importante lembrar que o suicídio é um fenômeno complexo, influenciado por diversos fatores e que buscar ajuda é fundamental em casos de necessidade.

Sabe-se que é um desafio, mas existem alternativas saudáveis para lidar com problemas emocionais. É importante lembrar que cada pessoa é única e o que pode funcionar para um, não pode funcionar para outro. Então, é bom experimentar diferentes abordagens, até encontrar uma que se enquadra. Sendo assim, vale priorizar conexões sociais reais, atividades prazerosas, autocuidado e, se necessário, apoio profissional.

Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire, atuou como representante da Pastoral de Comunicação da AOR, onde realizou o Curso de Doutrina Social da Igreja e é membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.