Podcast Taís Paranhos

terça-feira, 23 de abril de 2024

Pé diabético: tudo o que você precisa saber e que será discutido por especialistas no Nordeste


O pé diabético, um dos problemas mais comuns entre os pacientes que convivem com a doença, será um dos principais temas no 3º Fórum de Atualização e Inovação em Diabetes, que acontece no Nordeste, diante da alta incidência de casos desse tipo de úlcera na região. O evento, realizado pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), acontece entre os dias 1º e 3 de maio.

No encontro, além do pé diabético, serão discutidos outros assuntos que geram preocupação entre os especialistas, como diabetes na gestação, a relação entre a doença e o fígado e distúrbios cardiovasculares e a importância da atividade física para os pacientes. A evolução do tratamento, com novos produtos e tecnologias, também terá espaço privilegiado na grade do seminário.

*Por que pé diabético é mais frequente no Nordeste?*
De acordo com a coordenadora do Departamento de Neuropatias e Pé Diabético da SBD, Geisa Maria Campos (foto) os fatores que explicam a ocorrência maior de pé diabético no Nordeste são difusos.

Entre as condições que levam a esse fenômeno, estão questões étnicas e genéticas, como a predisposição em afrodescendentes e povos originários das Américas, grupos com forte presença na população dos estados nordestinos.

Esse panorama é agravado pelo fato da região, que concentra 1/3 dos habitantes do Brasil, ter desafios sociais (na saúde pública, por exemplo) e de infraestrutura (saneamento, entre outros) maiores que outras áreas, como o Sudeste e Sul.

*Pé diabético é alerta para mau controle da glicose*
As úlceras nos pés ocorrem em cerca de 34% das pessoas com diabetes. São tipicamente relacionadas ao controle inadequado da glicose e também a complicações, especialmente a neuropatia.
Essa enfermidade, que também está entre as que mais incidem em pacientes com diabetes, atinge o funcionamento dos nervos periféricos, podendo afetar tanto a sensibilidade nessas regiões quanto a motricidade (movimentos).

Além da neuropatia, outro fator pode levar à ocorrência do pé diabético é a falta de cuidados e higiene na região.
*Pé diabético afeta 18 milhões de pessoas*
De acordo com Geisa Maria Campos, cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem com o pé diabético em todo o mundo.

O número é alarmante, considerando que 80% dos casos de amputações de membros inferiores são precedidas de uma úlcera desse tipo. Além disso, a mortalidade de indivíduos diabéticos com uma úlcera no pé é de 30%. Essa taxa pode chegar a 70% depois de uma amputação.
“Úlcera em pé diabético mata mais que câncer de mama”, adverte a especialista. “A cada 20 segundos no mundo é feita uma amputação de pé ou perna em pessoas com diabetes”, acrescenta.

*Como prevenir e tratar o pé diabético?*
A coordenadora explica que algumas intervenções simples podem reduzir o risco dessas úlceras, como a orientação de pacientes diabéticos antes que a doença evolua para esse estágio.

O uso de sapatos adequados, o tratamento da pele seca (incluindo, calos e bolhas), o corte adequado de unhas e o combate a fungos e micoses contribuem para essa prevenção.

Outra ação fundamental é o treinamento de profissionais de saúde para identificação precoce do problema. “A abordagem precisa e no início da infecção favorece um melhor prognóstico do pé diabético e diminui amputações”, destaca a médica.

“É importante lembrar que é indispensável cuidar do paciente como um todo, controlando bem o diabetes, a pressão arterial, o colesterol e triglicerídeos, o excesso de peso, além de avaliar periodicamente a função renal”, conclui.