A fila de transplantes no Brasil é única. Cada estado tem a sua, porém, os dados são enviados ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país através do SUS. A prioridade para receber cada órgão ou tecido depende de critérios que levam em consideração tempo de espera, gravidade, tipo sanguíneo, compatibilidade, peso e localização geográfica. Atualmente, cerca de 65 mil pessoas aguardam na fila de transplantes no Brasil; 386 delas à espera de um coração.
De acordo com o enfermeiro Lucas Stterphann, gerente da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes – CIHDOTT, do Hospital Miguel Arraes (HMA/FGH), a doação de órgãos sólidos só é possível, no país, em casos de morte encefálica e com autorização da família do paciente. No entanto, no caso do coração, além disso, a luta é contra o tempo: “o coração e o pulmão são os dois órgãos que menos tempo podem esperar. O tempo de isquemia, ou seja, o tempo entre a retirada do órgão do doador e o transplante no receptor, não deve exceder quatro horas. O ideal seria que as duas cirurgias fossem realizadas quase que ao mesmo tempo”, explica.
Vale salientar que nesse período entre a doação e o transplante, exames são realizados tanto nos doadores quanto nos receptores para avaliar as condições do órgão e o quadro clínico de quem será submetido ao transplante para evitar possível rejeição. Contudo, o resultado é animador: cerca de 95% dos indivíduos que tiveram um transplante de coração têm sua capacidade substancialmente melhorada para realizar exercícios físicos e atividades diárias em comparação ao período anterior ao transplante.
Em busca desse sucesso é que conscientizações são feitas, diariamente, por equipes de CIHDOTTs nas unidades de saúde em busca de doadores de órgãos e tecidos. “Não existe ‘pé de coração’, uma árvore de onde brotam órgãos. É necessário aguardar o consentimento de uma família num momento de luto para que haja a doação. E sem a doação não existe transplante”, enfatiza Stterphann. É esse trabalho que a CIHDOTT realiza e que começa na porta do hospital junto a familiares de pacientes em estado crítico, para que negativas deem lugar a aceitações, e vidas como a de Faustão sejam preservadas.
Com informações da jornalista Iana Gouveia