por Mariângela Borba
Olá leitores da Sendo Prosperidade aqui pelo blog da Taís Paranhos, tudo bem com vocês? Esta semana vamos falar sobre o filme Conclave afinal, se depois de Nada de Novo no Front alguém ainda duvidava do diretor alemão Edward Berger, Conclave está aí para tirar essa dúvida. O longa é uma adaptação do best-seller homônimo de Robert Harris que, de acordo com o autor, não foi baseado em fatos verídicos, mas contou com a orientação do cardeal Cormarc Murphy-O’Connor, que teve a experiência de participar de dois conclaves. O filme está com oito indicações para o Oscar e é o terceiro colocado por isso. Nele, o diretor consegue ir por trás do véu de um dos rituais mais complexos e mais secretos da igreja Católica.
O conclave é um rito indevassável porque, até que se chegue a um acordo sobre um nome, ou seja, que dois terços dos cardeais votem em um representante, todos eles ficam confinados no Vaticano, completamente sem comunicação nenhuma com o mundo exterior - ou, pelo menos, assim deveria ser. E no empurra empurra pelos votos em que alianças vão se formar, ou se desfazer; facções vão competir com outras, os cardeais têm que votar quantas vezes tfor necessária, até que se chegue a um consenso. É uma verdadeira briga de foice, por poder e primazia, que tem que ser liderada e controlada pelo decano (título dado a um sacerdote que é o mais antigo de um grupo de padres na Igreja Católica).
Sendo assim, cabe ao cardeal Lawrence, interpretado pelo gigante Raph Fiennes, a organização e liderança. Algo que o Lawrence faz com o espírito atormentando. Mas por quê? Porque ele está enfadado, no meio de uma crise pessoal de fé e também num momento de desencanto com a política que rege todo o clero. É como se ele estivesse num luto pessoal. E a partir do momento que o conclave começa a se desenhar, com a chegada dos cardeais e com as facções se organizando, o Lawrence começa a notar que há sinais de alguma conspiração acontecendo ali. Ora, é igual ao “mundo aqui fora”. São cardeais no título, mas são seres humanos de carne e osso como eu e como você.
A politicagem existente no enredo do filme não chega a ser diferente “da nossa”. Uma das coisas mais interessantes de Conclave é o elenco como, por exemplo, quando o Ralph Fiennes deixa o olhar dele limpo, capaz de registrar toda a vulnerabilidade das personagens aos sentimentos dos outros, é algo muito difícil de resistir: a gente sente como se estivesse lidando com uma pessoa que tem os melhores impulsos, mas tem uma situação em que nem sempre eles são os conselheiros.
É uma interpretação sublime, sutilíssima, cheia de conflitos. E são notáveis, também, a interpretação do Stanley Tucci, o cardeal Belini, que é um liberal da igreja, assim como o próprio Lawrence, melhor amigo dele. Do mesmo jeito, são fabulosas, também, as caracterizações do John Lithgow, do Lucian Msamati e do grande Sérgio Castellitto, como integrantes de uma alma muito mais conservadora da igreja. Quem quase rouba o filme inteiro? Uma mulher! A Isabella Rossellini, no papel da irmã Agnes. As freiras são uma presença, na maior parte das vezes, no clero, silenciosa, e a irmã Agnes não foge à regra. No entanto, quando ela fala, ela só diz verdades - e todo mundo presta atenção, por ser ela uma figura que inspira bastante medo.
A grande cereja do bolo recai sobre o cardeal Benites, de origem mexicana. Um cardeal que ninguém havia ouvido falar, mas que foi ordenado pelo Papa que acabou de morrer em segredo (In Pectore, que significa no peito/coração) - é um termo usado pela Igreja Católica para uma ação, decisão ou documento que deve ser mantido em segredo. Este cardeal mexicano, vivido por Carlos Diehz, tem um desempenho tão recolhido: um personagem que observa demais, fala pouco mas, na fisionomia dele, dá para se ler muito do ponto de vista que o Edward Bergue e o excelente roteirista dele, o Peter Straughan, querem dizer com o filme. De que lado eles estão, realmente nessa história: ou trabalhamos em sintonia com Aquele que é o verdadeiro Senhor da História, Jesus de Nazaré, ou vamos ser levados pelas ondas do momento. Não se trata de uma visão romântica, mas de veracidade.
Apesar dos ataques cada vez mais virulentos do mundo, o Senhor tem nos dado grandes papas nos últimos séculos. Vivemos em tempos muito desafiadores. Como na história de Saul, o rei reinante de Israel, e Davi, quem Deus havia escolhido como o futuro rei. Os dois reis. A rivalidade entre eles se intensificou à medida que Davi ganhava destaque e favor do povo, despertando a inveja e a ira de Saul. Logo, a lição deixada é sobre a importância da obediência a Deus, com humildade, arrependimento e bondade. É orar e, se for possível, aconselhar. Se não tivermos Fé no Senhor, desmoronamos. Sigamos orando pela humanidade. Nós temos nossas vidas ancoradas no céu. Se Deus nos garantiu que nunca vai nos abandonar, por que temer? O mundo, às vezes, se torna tão resistente, mas a âncora está na praia do Céu. Como dizia Aristóteles: “a esperança é o sonho do homem que está acordado”. Se acolhermos o Senhor no barco de nossas vidas, pelo mar d’Ele podemos navegar. Só quem fica perto da luz, percebe a sujeira da própria roupa.
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire e membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, jornalista Edmundo Celso.
Foto: Divulgação/ Conclave