quarta-feira, 10 de abril de 2024

Abril Marrom: a que prevenção o mês é dedicado e por que a conscientização é fundamental no Nordeste?


Este mês é dedicado à prevenção de uma doença que pode mudar por completo a vida de uma pessoa, por afetar o principal sentido com que nos conectamos ao mundo e a outras pessoas: a visão. Daí a importância do Abril Marrom para a conscientização da sociedade sobre a deficiência visual e as formas de evitá-la ou tratar a tempo, de forma a reverter o quadro.

No Nordeste, embora não existam indicadores recentes específicos sobre essa patologia, os riscos para a visão se mostram ainda mais preocupantes que nas outras regiões do Brasil.

Os estados nordestinos lideram os números de pessoas com algum tipo de deficiência (visual, auditiva, motora e mental) aferidos em vários estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O conjunto dessas análises dá pistas significativas sobre a incidência da cegueira na região”, afirma o oftalmologista Claudio Lottenberg, uma das maiores autoridades do país em saúde ocular. 

O especialista é presidente do Conselho do Hospital Israelense Albert Einstein e do Conselho do Instituto Coalizão Saúde.

Oque diz o IBGE sobre PCDs no Nordeste?

Na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, o Nordeste aparece com 10,3% do total de PCDs no país, superando o Sul (8,8%), Centro-Oeste (8,6%), Norte (8,4%), Sudeste (8,2%) e a média nacional (8,9%).

O levantamento estima a população total da região vivendo com algum tipo de deficiência em 5,8 milhões de indivíduos.

As conclusões sobre distribuição geográfica de PCDs na última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE em 2019, apontam um cenário semelhante, com os estados nordestinos à frente das estatísticas (10%).

O Nordeste também está em primeiro lugar, na última análise do instituto a trazer uma segmentação regional detalhada das pessoas com deficiência, o Censo 2010.
Segundo o levantamento, divulgado em 2012, 21,2% dos nordestinos declaram ter deficiência visual, 5,8%, deficiência auditiva; 7,8%, deficiência motora e 1,6%, deficiência mental ou intelectual.

Ainda de acordo com o Censo 2010, na análise por estado, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba são os locais onde o número de entrevistados que se declara PCD aparece no topo, em todo o Brasil.

O que OMS e IBGE revelam sobre o Brasil e o mundo?
Saindo do Nordeste para um contexto global, mais de 253 milhões de pessoas vivem com deficiência visual em todo o planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, cerca de 6,9 milhões de brasileiros declaram ter alguma dificuldade para enxergar e realizar atividades diárias por conta da perda moderada ou grave da visão, de acordo com o Censo 2022 do IBGE.

“É fundamental destacar, nesse panorama revelado pelos números, que 60% a 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados com um diagnóstico precoce, desde a primeira infância e em todas as fases da vida. Tudo isso só reforça o quanto o Abril Marrom é essencial”, defende Claudio Lottenberg.

Abril Marrom: o que pode causar perda da visão?
Entre as causas mais comuns da perda de visão elencadas pelo especialista estão a catarata, glaucoma, erros refratários não tratados (miopia, hipermetropia, presbiopia e astigmatismo), retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
O oftalmologista também alerta sobre os perigos para quem precisa usar óculos de graus, mas não utiliza. “Menos da metade (43%) das pessoas que necessitam deles fazem uso desses recursos, o que que aumenta os riscos para piora da visão”, adverte.

O que as telas têm a ver com o Abril Marrom?
o aumento significativo do tempo diante das telas é um fenômeno da vida moderna que se soma ao contexto da saúde pois impacta sobretudo crianças e jovens.
“De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia, a expectativa é que este cenário contribua para que, até 2050, metade da população mundial desenvolva miopia”, alerta Claudio Lottenberg.

No Brasil, o cenário não é diferente. Um exemplo disso é que a miopia avançou na faixa etária de zero a 19 anos durante a pandemia da Covid-19, quando as pessoas ficaram mais expostas a celulares, tablets, notebooks, desktops e televisores.

Vale lembrar que a miopia, mesmo em graus mais elevados, não é considerada deficiência visual, do ponto de vista da medicina, pela possibilidade de correção ou reversão.

“Mesmo assim, é necessário falar desse tema no Abril Marrom. Precisamos ressaltar que a doença pode ser prevenida em quem ainda não tem o distúrbio e, no caso do indivíduo já conviver com esse problema, a progressão pode e deve ser evitada, de forma a impedir que o paciente tenha limitações relacionadas à saúde ocular”, conclui Claudio Lottenberg.

Quem é Dr. Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelense Albert Einstein e Presidente do Conselho do Instituto Coalizão Saúde?

Graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (1984), Mestre em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (1990), Doutor em Medicina (Oftalmologia) pela Universidade Federal de São Paulo (1994). Possui residência médica pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (1987) e aperfeiçoamento em Urgências Oftalmológicas pela Manhathan Eye Ear and Throat (1989). Atualmente, é presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e presidente institucional do Instituto Coalização Saúde.
Sugestão de conteúdo/entrevista
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