Na última quinta-feira, 17 de julho, 40 crianças e adolescentes da Zona da Mata pernambucana participaram de uma experiência transformadora em Recife. A iniciativa foi realizada pela ONG Giral, como parte do projeto Educação e Vivências Inclusivas — voltado a jovens de 6 a 17 anos em situação de vulnerabilidade social.
A programação começou às 10h com uma visita ao Paço do Frevo, onde os participantes, especialmente os das oficinas de teatro e dança, mergulharam na linguagem vibrante do frevo. “Não se tratou apenas de uma visita. Foi um mergulho em nossa história viva, um convite ao pertencimento e à valorização da cultura como expressão de resistência e identidade”, destacou Renata Uchôa, coordenadora do projeto.
Em seguida, às 11h, o grupo visitou o Museu Cais do Sertão, espaço dedicado à memória e ao imaginário sertanejo. A atividade proporcionou uma imersão nas raízes culturais nordestinas, com ênfase na oralidade, religiosidade, trabalho e saberes populares. “Conectar essas crianças ao Sertão, mesmo vivendo no Litoral ou na Zona da Mata, foi uma forma de reconstruir vínculos com narrativas muitas vezes silenciadas”, completou Renata.
O projeto Educação e Vivências Inclusivas atuou de forma integrada no enfrentamento das desigualdades sociais, por meio de atividades artísticas, ações psicossociais e debates com as famílias sobre temas como racismo ambiental, saúde emocional, trabalho infantil e crise climática.
A ONG Giral atendeu mais de 260 crianças e adolescentes, sendo que 40% deles viviam na zona rural. O impacto foi expressivo: cerca de 80% das famílias envolvidas estavam inscritas em programas como o Bolsa Família e enfrentavam situações de vulnerabilidade, como ausência de saneamento básico e renda inferior a um salário-mínimo.
Para o presidente da ONG Giral, Leonildo Moura, a ação reafirmou o papel da cultura como motor de transformação social. “Quando essas crianças pisaram em um museu, elas disseram: ‘nós também pertencemos a esse lugar’. Foi um gesto simbólico de inclusão, autoestima e ampliação de horizontes”, afirmou.