sábado, 14 de junho de 2025

Júlio Andrade e o Lampião Humanizado de Cangaço Novo #AoVivoEemCores


Interpretar o icônico Lampião é tarefa para poucos — e responsabilidade para muitos. Em Cangaço Novo, série que revisita o universo do cangaço por uma perspectiva inédita, o ator e diretor Júlio Andrade mergulha na pele do personagem com um olhar singular: o da escuta feminina.

Ao aceitar o convite para viver Lampião, Júlio foi fisgado menos pela mística do mito e mais pela inversão da narrativa. “O que me chamou atenção foi o ponto de vista feminino. A Maria Bonita, figura sempre apagada, silenciada, aqui é o centro da história. Isso muda tudo”, destaca.

Em décadas de produções sobre o cangaço, o personagem de Lampião já foi interpretado por nomes como Nelson Xavier e Irandhir Santos, sempre como uma figura quase lendária. Para Júlio, no entanto, foi o espaço dado à sensibilidade e à presença feminina dentro do bando que permitiu revelar novas camadas do personagem.

“Essa presença do feminino acentuou a humanidade do Lampião. Foi isso que me fez topar: contar essa história não pelo protagonismo masculino, mas por aquilo que cerca, sustenta e também questiona essa figura.”

A construção do personagem, como em outros trabalhos do artista, é atravessada pelo compromisso com as comunidades retratadas e pela escuta profunda do outro. “Tem muito a ver com o que eu levo para os meus personagens: esse vínculo com a realidade, com a comunidade, com o coletivo.”

Em Cangaço Novo, Júlio Andrade não apenas revive um ícone da cultura brasileira, mas o reposiciona diante de uma câmera que, enfim, ilumina outros rostos do sertão.