A cultura afro-brasileira em Pernambuco perde um dos seus maiores ícones com o falecimento da Yalorixá Elda Viana, conhecida como Mãe Elda de Oxossi. Aos 76 anos, ela deixa um legado de resistência, educação e preservação das tradições negras, que marcaram sua trajetória como líder espiritual e referência no candomblé.
Matriarca do terreiro Nação Porto Rico, Mãe Elda foi a última mulher coroada Rainha do Rosário na histórica Igreja do Rosário dos Homens Pretos do Recife, em 1980. Com sua morte, encerra-se um ciclo de mulheres negras à frente de uma das irmandades mais simbólicas da resistência do povo negro no Brasil.
Desde os 14 anos de idade, sua vida esteve dedicada ao sagrado e à militância cultural. Atuou como alfabetizadora e conselheira comunitária, sendo inspiração para mulheres de terreiro e jovens periféricos. Além disso, foi peça fundamental na preservação e fortalecimento da Nação do Maracatu Porto Rico, ajudando a manter vivas as tradições ancestrais por meio do ritmo, da dança e do cortejo.
O velório acontece nesta segunda-feira na sede da Nação Porto Rico, e o sepultamento será realizado na terça-feira (13), no Cemitério de Santo Amaro.
Sua trajetória reafirma o papel essencial das lideranças religiosas na luta pela inclusão e valorização da cultura negra no Brasil. A perda de Mãe Elda representa não apenas um luto para sua comunidade, mas um momento de reflexão sobre a importância da memória e da continuidade das tradições que ela preservou e defendeu ao longo da vida.
