A importância da IA na História e na cultura
*Ricardo Andrade
A introdução da IA nas ciências humanas tem feito com que pesquisadores façam novas descobertas, com a análise de dados históricos. A capacidade de processar e interpretar informações em grande escala permite que os historiadores possam extrapolar limitações metodológicas e possibilitam revelar aspectos, antes desconhecidos das sociedades antigas, e até contemporâneas. O estudo de textos antigos, com o uso de algoritmos de processamento de linguagem natural (PLN) e redes neurais, pesquisadores conseguem identificar padrões linguísticos e temáticos que auxiliam na interpretação desses documentos.
O que antes se limitava a digitalização com vistas a preservação de escritos e documentos, agora com a IA, é possível a identificação de padrões e tendências, as variações linguísticas e as mudanças de estilo. No campo da cultura as mudanças são significativas, com a reconstrução facial, e recriação de imagens e artefatos, monumentos, edifícios e obras de arte. Na preservação do patrimônio cultural, algoritmos de IA permitem a criação de bancos de dados detalhados, onde cada objeto é catalogado com informações históricas, visuais e contextuais.
Enfim, ao permitir a análise de grandes volumes de dados, a tecnologia tem facilitado a identificação de informações ocultas em registros históricos, inscrições e artefatos, resultando em interpretações mais precisas e abrangentes, sobretudo dos eventos antigos. A Woolaroo é uma ferramenta de código aberto que ajuda as comunidades linguísticas a preservar e expandir os seus dicionários. Atualmente existem cerca de 7.000 idiomas falados no planeta, onde aproximadamente 3.000 correm o risco de extinção.
Hoje, esse programa oferece suporte a 17 idiomas globais, numa espécie de Biblioteca de palavras. As ferramentas tecnológicas abrem um novo portal do conhecimento para as novas e futuras gerações, criando sustentabilidade, e imprimindo a transversalidade e a intersetorialidade, nos campos da História, Arqueologia, Antropologia, Museologia, Biblioteconomia, Sociologia, Economia etc. É um verdadeiro salto do futuro no passado, e do passado pro futuro, numa conexão intertemporal, relativizando conceitos e análises, democratizando e universalizando o conhecimento.
As mudanças não serão apenas comportamentais, mas na estrutura dos programas dos cursos superiores, em todas as áreas, para além do uso das velhas salas de informática, com o estudo e a aplicação da IA em larga escala, não substituindo a força de trabalho humano, mas interagindo com os vários campos do saber acadêmico e profissional. Que venham as novas conquistas civilizatórias.
*Historiador, Cientista Político, Presidente do IHGAAP(Instituto Histórico, Geográfico, Arqueológico, Antropológico do Paulista).