Pacientes com hipertensão resistente — que não conseguem controlar a pressão arterial mesmo com o uso de múltiplos medicamentos — passam a contar com uma alternativa terapêutica promissora: a denervação renal percutânea. O procedimento minimamente invasivo vem ganhando espaço na prática cardiológica e já é realizado em hospitais da rede privada de Salvador.
A técnica consiste na aplicação de pulsos de radiofrequência nas artérias renais, com o objetivo de reduzir a atividade dos nervos simpáticos que contribuem para a elevação da pressão. “Neutralizamos parte do estímulo nervoso na parede das artérias renais, o que ajuda a controlar a pressão de forma mais eficaz”, explica o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara.
Indicada para pacientes que já fazem uso de pelo menos cinco classes de medicamentos em doses máximas, além de manter dieta e rotina de exercícios, a denervação renal não substitui o tratamento convencional, mas pode reduzir a dependência medicamentosa e o risco de eventos graves, como infarto e AVC.
Segundo o especialista, os efeitos começam a aparecer após algumas semanas e podem durar até um ano. O procedimento é feito por cateterismo via virilha, com alta médica entre 48 e 72 horas. O dispositivo utilizado — da linha Symplicity, da Medtronic — já está em sua segunda geração e permite aplicação simultânea de radiofrequência em quatro pontos, tornando o procedimento mais ágil e preciso.
A técnica exige diagnóstico criterioso e exclusão de causas secundárias de hipertensão, como distúrbios hormonais ou apneia do sono. “A hipertensão é silenciosa, mas sua ação é contínua e devastadora. É como água mole em pedra dura — ao longo do tempo, pode causar lesões irreversíveis nos vasos”, alerta Câmara.
A denervação renal percutânea surge, assim, como mais uma aliada no enfrentamento de uma das maiores ameaças à saúde cardiovascular da população brasileira.