sábado, 23 de agosto de 2025

#SendoProsperidade com Mariângela Borba

 


Além dos Algoritmos: A Arte de Ser Humano na Era da IA

Por Mariângela Borba

Olá, leitor do #SendoProsperidade,  tudo bem com você? E aí,  você,  obviamente,  já ouviu falar na Inteligência Artificial (AI) e deve ter uma opinião formada sobre ela, né? E é essa danadinha que vai ser a pauta desta semana por aqui.  Nesses últimos dias eu li uma entrevista (https://www.estadao.com.br/link/empresas/ex-executivo-do-google-afirma-que-cursos-de-direito-e-medicina-sao-uma-perda-de-tempo-na-era-da-ia/?srsltid=AfmBOoqETfpWlsd_0_Oa-iIFdgRD78xXswBltbxPBc_rAjY_JMw3XblN) com um ex-executivo da Google, Jad Tarif, falando que os cursos de Direito e Medicina serão uma ‘perda de tempo’ na era da IA. E, como é de costume,  troquei alguns pontos de vista com um amigo advogado e também professor  por sinal,  ele quem me sugeriu trazer minhas opiniões sobre o tema  para a coluna #SendoProsperidade. Então,  vamos lá!

A entrevista dizia que para o ex-executivo do Google, com a desvalorização dos diplomas de graduação, muitos jovens estão se voltando para a educação avançada (mestrado, doutorado), em busca de salários um pouco mais altos – embora não seja uma regra, até porque o próprio Tarif tem doutorado em IA e ressalta que “estudantes podem acabar ‘desperdiçando’ anos de suas vidas se escolherem esse caminho hoje. 

Mas,  na verdade,  Tarif fala sobre o tempo desperdiçando com os estudos – uma vez que com a IA é tudo mais acelerado - e não a respeito das escolhas de áreas, embora a manchete da matéria sugerira isso. O que ele alega é que os cursos de Direito e Medicina são muito longos e que a IA tornará algumas das habilidades ensinadas obsoletas. E, nesse ponto,  eu concordo,  o dia a dia já nos leva a sintetizar tantas coisas,  para poupar tempo,  que a IA vai permitir isso mais e mais. Não é como um videozinho que anda circulando por aí,  mostrando os recém-formados médicos com um paciente na UTI perguntando ao Chat GPT como fazer uma cirurgia, na beira do leito. (risos) Apesar do ambiente hospitalar,  é bem claro, para não-leigos, que se trata de uma montagem gerada pela IA. Mas por que você afirma isso com toda certeza,  Mariângela? Simples,  primeiro porque a colocação desses vídeos gerados por IA é sempre a mesma, têm todos os personagens o mesmo biótipo e, o principal, pode observar: eles não piscam enquanto falam! A IA pode estar presente em tudo,  mas essa é uma das  características humanas que   eles ainda não conseguiram desenvolver. Sem falar da falta de sincronia entre o som e a imagem.

Ora, nós humanos,  por nós próprios e de acordo com a nossa evolução, já sintetizados tantas coisas, avalie com a facilidade de uma IA disponível.  Ao meu ver, a tecnologia está aí para somar e multiplicar e não para dividir ou subtrair - e era isso que eu sempre dizia aos meus repórteres e fotógrafos nos meus tempos de editoria. Quem fizesse ou quisesse o contrário,  poderia pedir para sair e trocar de chefe.  E garanto que eles continuaram lá e desfrutam da minha amizade até hoje.

Voltando ao mundo da IA, as falhas que vemos por aí são um lembrete de que a tecnologia precisa de supervisão e discernimento humano. Afinal, quais são, na sua opinião,  os principais diferenciais que nos tornam diferentes da Inteligência Artificial?  É claro que a IA tem suas próprias vantagens,  como a capacidade de processar grandes quantidades de dados e realizar tarefas repetitivas com precisão e rapidez. Mas, no final nas contas,  acredito que a combinação única de habilidades que possuímos (criatividade,  intuição,  inteligência emocional, pensamento crítico,  contextualização, consciência e autoconsciência) nos torna verdadeiramente diferentes. As falhas que vemos por aí são um lembrete de que a tecnologia precisa de supervisão e discernimento humano. Entendo o ponto de vista do Jad Tarif sobre a duração de cursos e a obsolescência de algumas habilidades.  Mas, mesmo com a IA, as capacidade de julgamento, a ética e a experiência humana continuam sendo cruciais,  especialmente no Direito e na Medicina. A IA pode ajudar,  mas não substituir a complexidade do raciocínio humano nessas áreas.  A tecnologia deve ser uma ferramenta para nos impulsionar, não para nos diminuir. Minha experiência como editora e de trabalho em equipe me mostra o valor de ter pessoas  que agregam, ao invés de, apenas, substituir. É uma lástima que nem todos vejam dessa forma. 

Os principais diferenciais entre nós, seres humanos, e a IA são a nossa capacidade de sentir empatia, de criar coisas novas e de pensar criticamente. A IA pode processar informações rapidamente, mas nós conseguimos entender as nuances das situações, ter compaixão e tomar decisões éticas. Além disso, a criatividade humana é fundamental para resolver problemas de forma inovadora e para imaginar um futuro melhor. A chave está em aprender a usar a IA como ferramenta para potencializar nossas habilidades ao invés de temer a substituição.  A experiência e o trabalho em equipe são insubstituíveis!

 

Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire. Foi secretária executiva do MinC, secretária de Imprensa de Paulista (PE), membro do Conselho Municipal de Política Cultural e do Colegiado Nacional de Teatro, atuou como representante da Pastoral de Comunicação da AOR, onde realizou o Curso de Doutrina Social da Igreja e é membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, o também jornalista Edmundo Celso.