sábado, 2 de agosto de 2025

#EntrevistasInéditas O Universo Musical de Joyce Alane: de Bonança à consagração na Cena Musical


A cantora Joyce Alane nasceu no Recife, mas cresceu em Bonança, distrito de Moreno. Suas férias na capital pernambucana, especialmente as idas ao cinema, moldaram suas memórias afetivas. Aos 13 anos, ela tentou estudar no conservatório de música, mas a distância inviabilizou o plano. Em 2015, ao se mudar para Recife para cursar a faculdade, Joyce teve contato com um novo universo musical. A convivência com diversas pessoas e suas histórias a influenciaram profundamente. Ela se afastou das influências iniciais de sua família, como o brega de Reginaldo Rossi e o MPB de Fagner e Elba Ramalho, e passou a ouvir Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Ave Sangria, o que a fez ter uma nova perspectiva sobre a cena cultural de Recife.

Composições e Parcerias Marcantes

Durante a pandemia, Joyce Alane começou a compor músicas a partir de palavras sugeridas por seus seguidores, um projeto que chamou de "Me Dá Uma Luz". Essa iniciativa foi um ponto de virada, abrindo portas para prêmios e festivais e para a parceria com João Gomes, que a conheceu por meio do projeto. A música "Leão", apesar de ter sido escrita após o fim de um relacionamento, se tornou um sucesso romântico, dedicado a amores. Seu álbum "Tudo é Minha Culpa" surgiu do processo de composição de "Unilateral", quando ela percebeu que suas diversas experiências pessoais poderiam se conectar em um único conceito. O álbum aborda temas como raiva, decepção e a necessidade de se valorizar.


Projetos e a Cena Musical Pernambucana

Joyce destaca a experiência de dividir o palco com Nando Reis no festival Turá 2024 como um desafio musical, no qual o cantor a deixou à vontade e a encorajou a se soltar. Outro projeto de grande orgulho para ela é o EP "Causa Coração", que teve a participação de artistas que a influenciaram desde a infância, como Petrucio Amorim e Santanna, O Cantador, além de nomes como Dorgival Dantas, Mariana Aydar, Zeca Baleiro e Chico César. Atualmente, ela está à frente do projeto "Toda Minha Casa", que documenta a reforma de sua casa e a conecta com o conceito de seu álbum. Joyce também expressa sua admiração e felicidade em ver o crescimento de mulheres na cena musical de Pernambuco, citando nomes como Bela Caju, Flaira Ferro e Larissa Lisboa.

Inspirações Atuais e o Futuro

Suas maiores referências hoje incluem Liniker, que ela considera uma artista completa, e Dorgival Dantas. Ela também admira a persistência de JP, que concorreu ao Grammy, e a performance de artistas como Rita Lee e Elis Regina. Para o futuro, Joyce planeja explorar mais a sonoridade soul, combinando-a com a brasilidade que tanto a apaixona. Vamos conhecer melhor a Joyce, que concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog Taís Paranhos?


Como foi crescer entre Recife e Moreno, e de que forma essa vivência aparece nas suas composições? 

Eu nasci no Recife e cresci em Bonança, que é no município de Moreno e aí eu ia mais para Recife nas férias que é uma memória muito forte que eu tenho né, pegando a integração de joana bezerra para o Shopping Boa Vista, que era o lazer da gente e era minha época favorita por conta disso que eu ia para o shopping assistir filme que na época em Vitória de Santo Antão não tinha cinema ainda, e aí eu comecei a fazer essas viagens para Recife eu acho que com os meus 13 anos, quando fui sorteada, eu comecei a estudar no Conservatório Pernambucano de Música, na João de Barros mas assim pouco depois eu precisei desistir, porque como eu estudava em Vitória de Santo Antão, e a gente não tinha carro, não dava tempo de chegar à escola, né?

Então eu comecei a frequentar mais assim Recife, de fato, quando entrei na faculdade em 2015, e eu acho que muito essa vivência nas minhas composições porque dentro desses espaços eu conheci muitas pessoas e as pessoas têm muitas histórias para contar, com outras perspectivas eu acho que perspectiva isso perspectivas quando eu entrei na faculdade eu conheci era foi outro mundo sabe ali na UFPE foi outro mundo e eu conheci pessoas que gostavam de outro tipo de música então eu gosto muito de conhecer a gente nova por conta disso.

São outras experiências então minha influencia muito eu lembro que por exemplo eu vivendo pela influência da minha família então é mais o brega antigo né Reginaldo Rossi, aí vem Fagner, vem Elba Ramalho quando eu entrei na faculdade também já jovem né eu comecei a ter contato mais com a galera que ia para os shows e tal então eu escutava muito, e comecei a escutar muito Nação Zumbi comecei a ter acesso aos shows de Recife, então fui crescendo e já vi show de Mundo Livre,  Ave Sangria e aí fui tendo outra visão da cultura do que movimentava a cena do Recife  e tudo isso virou referência para mim.

Você começou a criar músicas interagindo com seguidores durante a pandemia. Como essa experiência moldou seu estilo e conexão com o público? 

Sobre a criação de músicas, realmente na pandemia, eu comecei a postar músicas cantando e eu tinha medo de que as pessoas me associassem só a fazer versões e aí foi quando eu vi essa iniciativa de fazer composição com as palavras que as pessoas me davam eu acredito, eu não consigo dizer que isso mudou meu estilo, mas isso me abriu caminhos para muita coisa.

Eu não vou dizer como eu dou o meu estilo porque justamente desde o início eu fui bem resistente, para me forçar para que isso ou aquilo não me fosse uma regra sabe para que eu não ficasse refém das palavras que as pessoas me davam e que eu só escrevesse música quando isso acontecesse então eu fui muito resistente e é isso para que eu escrevesse fora isso também tanto é que eu fui lançando minhas músicas.

Por exemplo, o meu álbum, que saiu músicas duas eram dominar a luz e assim toda semana tinha né mas eu realmente eu não consigo dizer que mudou nesse sentido, mas com certeza fez abrir portas, me abriu caminhos porque fez com que muita gente chegasse até mim sabe então realmente me trouxe essa conexão com o público que não era só pessoas de outros ramos né mas pessoas da arte também colegas de trabalho e que inclusive fez com que eu fizesse participação, que a gente fizesse colaborações um com o outro sabe?

Então me dá uma luz ele me abriu muita muitas portas foi com ele que eu comecei a concorrer a premiações. A partir daí, outras pessoas me conheceram e eu fui chamar fui sendo chamada para festivais, então quando eu concorri, por exemplo, ao Prêmio Multishow. foi uma música que surgiu do me dá uma luz com a gravação que eu fiz com João Gomes, por exemplo.

Seu primeiro single, “Leão”, teve bastante repercussão. Que sentimentos você queria transmitir com essa música? 

Então, as pessoas têm muito comum o amor. Eu já cantei em casamento essa música, as pessoas gostam muito de dedicar essa música, “Leão” para os seus amores e eu acho que é exatamente isso que eu queria passar, porque eu queria passar o amor engraçado, porque na época que eu escrevi essa canção, eu não estava mais com a pessoa, não existia mais aquela relação, mas existia uma um carinho, né, um respeito por aquilo que foi vivido, então leva muito sobre isso é sobre o amor. sobre você querer viver aquilo novamente, e às vezes quando a gente tá com alguém, a gente quer, quando a gente tá com alguém, a gente quer viver isso.

No álbum “Tudo é Minha Culpa”, você explora temas como dor, afeto e recomeço. Existe uma faixa que você considera seu ponto de virada pessoal? 

“Tudo é Minha Culpa”,  se existir uma faixa que considera o ponto de virada eu acho que foi em certo momento em uma fase da minha vida, uma época em que uns meses, eu estava comprando muito, para uma situação específica, e eu percebi que havia uma maldade, estudavam história com algumas músicas antigas que eu tinha, também então essa música, esse álbum,  por mais que eu tente contar uma história do processo interno no relacionamento, não existe só uma história ali, existem várias, mas quando juntas é muito similar, porque aquela história, nem toda experiência é só individual, e isso acontece não só em relação a mim, mas as minhas histórias pareciam uma com a outra.

Eu acho que “Unilateral” eu lembro que eu estava escrevendo na lateral eu já tinha escrito mas quando eu terminei de escrever na lateral foi quando eu meio que percebi o quanto dava para virar algo, um conceito ali, sabe do que eu estava escrevendo, porque eram várias situações. “Unilateral”, por exemplo, traz o eu lírico ele tá com raiva, mas no fundo ele eu acho que é uma raiva que vem depois de uma decepção então tinha música também, falando sobre decepção então acho que foi uma virada assim eu ter percebido que dava algo e devia ter percebido também que de fato eu merecia coisa melhor e aí foi para uma nova fase. A partir de então, eu comecei a escrever músicas com essa temática sabe?

 


“Idiota Raiz” se tornou um dos seus grandes sucessos. Como surgiu essa parceria com João Gomes e o que ela representa pra você? 

Sobre a música “Idiota Raiz”, essa parceria com João Gomes surgiu porque João me conheceu justamente por conta dessa música me dar uma luz e essa música representa muito para mim, assim justamente por conta disso me dá uma luz me abriu muitas portas e aí João queria gravar essa música. O pessoal que trabalha com ele, o sócio de João, entrou em contato comigo, pois ele queria gravar essa música num projeto mas eu já estava gravando e surgiu o convite de gravar junto e aí foi quando eu conheci João que tem essa fama né de puxar as pessoas para cima e as pessoas crescem com ele sabe isso é muito bonito de ver eu admiro muito o João por conta disso.

Você já dividiu o palco com grandes nomes da MPB. Dentre esses, qual desafiou você, musicalmente, de forma especial? 

Bom eu já dividiu o palco com grandes nomes de MPB sim e eu acho que o que me desafiou musicalmente de forma especial eu acho que foi Nando Reis aí eu fiz participação no show dele no Turá que aconteceu no Recife no Classic Hall em 2024 mas eu não vou lembrar não vou lembrar um mês e foi muito especial para mim porque eu estava muito nervosa gente eu participei cantando três músicas dele a gente conheceu naquele dia mesmo a gente passou o som mas quando eu subi no palco meio que não ainda não consigo explicar mas ele me deixa ele me deixou tão à vontade para que eu me soltasse sabe ali ele fez com que eu me sentisse bem, a gente estava cantando de igual para igual, sabe, e ele me botou para cima assim para ele tipo assim: “se solta mulher”, ele não falou isso com as palavras, mas ele falou isso com o gesto, a partir do momento em que ele subiu no palco, me chamou e ele olhava para mim querendo isso, e eu sentia isso, então eu senti que eu precisava me entregar sabe, e eu nunca vou esquecer desse dia, pois foi um momento muito especial para mim

Quanto à cena musical pernambucana atual, como você enxerga o espaço para novas vozes femininas no meio? 

Eu fico muito feliz sabe de ver cada vez mais as mulheres na cena tem muito artista boa e crescendo, a gente tem Bela Caju, Bela Maria, que são artistas aí, também o pessoal do verbo, Flaira Ferro, que aí já é gigante para mim. assim eu sou muito fã do trabalho dela. Larissa Lisboa a Gabi da Pele Preta, tem muita gente boa crescendo e querendo mostrar mais seu trabalho e lutando pelo seu lugar. Essas pessoas que eu citei por exemplo são mulheres que lutam muito pelo seu lugar, pelo seu espaço, luta contra o machismo e contra essas esses discursos de que mulher tem que estar em um lugar específico e essas mulheres que eu citei elas são muito livres, sabe? Elas falam muito sobre isso, assim então eu admiro muito elas, e é muito bonito de ver elas crescendo é muito muito legal

Falando do seu EP "Casa Coração", como foi vivenciar esse projeto com tantas parcerias maravilhosas?

Sobre o EP “Casa Coração” foi incrível assim ter tantas participações especiais para mim porque são participações que me formaram: Petrúcio Amorim, Santanna o Cantador, eles me formaram desde criança; outras eu conheci na minha adolescência, como Dorgival Dantas cujo a minha grande inspiração, e outras me acompanham hoje né minhas colegas Mariana Aydar; Lucy Alves; e claro, Zeca Baleiro e Chico César não tem nem o que comentar né? São grandes nomes, são gigantes, nomes nacionais, então para mim foi uma alegria muito grande, é um projeto que eu tenho muito orgulho de ter feito.

E o vlog "Tudo é Minha Casa", como surgiu a ideia?

Eu tenho muito orgulho de ter feito esse vlog, porque a gente fez com muito amor a gente colocou muito amor e eu acho que dá para ver isso pela música sobre o tudo da minha casa surgiu a ideia pela ideia do álbum que né que é "Tudo é Minha Culpa", e eu estou em processo de mudança, e as pessoas, vez ou outra, o público, os meus fãs que me acompanham, gostam de acompanhar o que é artista faz fora dos palcos e quando não está cantando que ela gosta de fazer e aí às vezes as pessoas gostam de acompanhar quem é a pessoa Joyce Alane, as dores de cabeça que ela tem e aí surgiu essa ideia de linkar minha vida pessoal. Linkar esse meu processo de mudança com algo também né toda minha casa e aí surgiu essa ideia, a galera tem gostado bastante e tem sido muito divertido mostrar para as pessoas agora a reforma, eu não posso dizer que é divertida, mas tem sido massa compartilhar isso com as pessoas, sabe? A troca de experiências, enfim muito legal essa experiência.

 Que artistas ou estilos influenciam você hoje, e há alguma sonoridade que gostaria de explorar mais no futuro? 

Sobre os artistas que me influenciam hoje eu falo muito sobre Liniker né desde a época que era Liniker e os Caramelows, ela é maravilhosa eu tenho para mim, que ela é uma referência como artista completa, seja como voz, seja como compositora e seja como show, como desenvoltura, sabe, para mim por mais que seja muito fã quando eu vou assistir um show dela eu assisto quietinha caladinha e parada porque para mim é uma aula então eu estou atenta a ler tudo que ela tá fazendo e que a banda faz e o entrosamento de todo mundo ali então é muito massa para mim.

Também tenho como referência o Dorgival Dantas segue sendo uma referência também muitos nomes hoje da música sabe eu tenho amigos que eu tenho que massa aquilo que eu tenho que eu tenho essa amizade eu posso admirar Jota.Pê que tem crescido, Jota.Pê me ensina muito sobre persistência porque ele tem um trabalho muito sólido e há muito tempo e agora que bom que ele foi visto dessa forma e ele teve esse merecimento total merecimento do projeto dele, que concorreu ao Grammy e ganhou, mas são muitos nomes assim que eu tenho de que eu admiro bastante sabe Rita Lee, Elis Regina também, acho que foi uma das primeiras, assim sobre desenvoltura no palco, enfim.

Para o futuro, eu acho que eu gostaria de explorar mais a sonoridade, era algo que eu inclusive no começo eu voltei, tive que voltar um pouquinho dessa referência mais do soul sabe da banda cheia, é um ritmo que eu gosto muito, é algo que eu gosto muito mas trazendo a brasilidade também que eu sou apaixonada e que eu coloquei fiz questão de colocar em  "Tudo é Minha Culpa", sabe? E é isso!

Todas as fotos que ilustram esta matéria são de Bruno Danttas