O ator Nivaldo Nascimento,
conhecido por sua imersão em personagens que retratam a rica cultura
nordestina, embarcou em uma jornada de pesquisa aprofundada para dar vida a
Rosendo na série "Guerreiros do Sol". Com uma base de conhecimento
prévia sobre o Cangaço, Nascimento detalha como aprofundou sua compreensão do
universo dos cangaceiros e coiteiros para a construção do personagem.
"Eu já estudava o Cangaço
por achar muito interessante a história, já tinha uma noção desse mundo",
revela Nascimento. Ao ser contratado para o papel de Rosendo, o ator
intensificou sua preparação, escutando músicas da época , assistindo a documentários
sobre os costumes e a rotina do Cangaço , e buscando depoimentos sobre o papel
e a importância dos coiteiros para o bando de Lampião. Ele também buscou
referências bibliográficas e cinematográficas.
A inspiração para a construção
física de Rosendo veio de uma fonte inusitada: um vizinho que se chamava
Rosendo. "Ele foi meu ponto de partida", afirma Nascimento. O ator
descreve Rosendo como um personagem de risco, com uma voz e uma forma de andar
diferentes, além de um "jeitinho de submissão que não fica muito definido
se é por simpatia à causa, por afinidade ao Josué ou uma forma de se manter
vivo e com seus negócios, sem o risco de perder tudo".
Nascimento revela que não
encontrou grandes dificuldades na imersão no cenário do sertão, visto que já
havia trabalhado na região nordestina e se deparado com a rota do Cangaço em
outras ocasiões. "Mesmo quando eu estava gravando em estúdio eu tinha
sentidos e sensações do sertão, da caatinga, porque aquele ambiente é
família", explica.
Para o ator, "Guerreiros do
Sol" oferece uma perspectiva "muito pouco explorada da história do
Cangaço". A série vai além da violência, abordando "relações,
desejos, medos, necessidades, sonhos, paixões, invejas, quebras de paradigmas",
em uma releitura de uma história cheia de controvérsias. Nivaldo elogia os
autores George Moura, Sérgio Goldenberg e colaboradores, considerando-os
"cirúrgicos a ponto de fisgar a atenção do espectador, onde muitos achavam
que não se tinha mais o que contar sobre o Cangaço".
Contracenar com grandes nomes da
cinematografia e televisão brasileira, especialmente do Nordeste e de
Pernambuco, foi uma experiência gratificante para Nascimento. "É transitar
em águas tranquilas", descreve, pela certeza de que "do outro lado as
respostas virão na mesma intensidade ou maior, fazendo com que as cenas sejam
vistas de formas verdadeiras e genuínas".
A cena mais marcante para Nivaldo
foi a emboscada em que ele e seu irmão foram surpreendidos. "Íamos guardar
as mercadorias do Governador Josué e Arduino estava dentro da casa e sem falar
nada deu um tiro na testa do meu irmão que caiu morto ao meu lado",
relata. A cena se intensificou quando Arduino o ameaçou, exigindo a localização
de Josué. "Foi uma cena forte", conclui.
Nascimento destaca o compromisso
do projeto com a cultura local. "Todo o projeto estava impregnado de nossa
cultura, antes das cenas tinha sempre um caixa de som com nossas músicas",
relembra. A experiência de estar em locais por onde Lampião e seu bando
passaram, de ver as roupas e acessórios dos cangaceiros, e de atuar em um set
onde o sotaque nordestino era o foco, foi "muito emocionante" e
"arrepiava".
Nivaldo Nascimento ressalta ainda
que Rosendo tinha um amor incondicional por sua família. Ele finaliza com uma
reflexão sobre a importância de discutir as ações dos legisladores e de não
permitir que a história e as conquistas do povo sejam marginalizadas. Para o
ator, é fundamental estudar os momentos da história que "tentam
marginalizar movimentos contrários ao coronelismo, escravista e opressor",
e que "não podemos nos curvar sem lutar, sem acreditar em nossa
liberdade".
Em entrevista ao Blog Taís
Paranhos, Nivaldo fala da sua preparação e trabalho nesta novela global. Vamos
acompanhar?
Como foi o processo de preparação para dar vida ao personagem Rosendo em Guerreiros do Sol?
Eu já estudava o Cangaço por
achar muito interessante a história, já tinha uma noção desse mundo. Quando foi
contratado pra dar vida a Rosendo, eu comecei a escutar as músicas da época.
Assistir documentários sobre o Cangaço, seus costumes e a rotina de vida.
Procurei depoimentos sobre o papel dos coiteiros e sua importância para o bando
de Lampião.
Você teve alguma referência
histórica ou pessoal para construir o papel?
Sim, busquei algumas
referências bibliográficas, cinematográficas. Já para construção do personagem
fisicamente eu tive um vizinho que se chamava Rosendo. Ele foi meu ponto de
partida. Rosendo foi muito especial. Porque foi um personagem onde eu arrisquei,
trazendo uma voz diferente, uma forma diferente de andar. Um jeitinho de
submissão que não fica muito definido se é por simpatia a causa, por afinidade
ao Josué ou uma forma de se manter vivo e com seus negócios, sem o risco de
perder tudo.
Qual foi o maior desafio ao
interpretar alguém inserido no contexto dos anos 1920 e 1930 no sertão
nordestino?
Não tive muita dificuldade
não, porque como disse antes eu já estudava essa época por causa do Cangaço, e
tive o prazer de fazer alguns trabalhos no sertão da nossa região nordestina e
em algumas vezes me deparei com a rota do Cangaço. Então mesmo quando eu estava
gravando em estúdio eu tinha sentidos e sensações, do sertão, da caatinga
porque, aquele ambiente é família. Claro que não na intensidade que os
cangaceiros viveram, mas a mise en scène era muito real.
Você acredita que a série
trouxe novas camadas à representação do cangaço na TV brasileira?
Total, a série Guerreiros do
Sol traz uma visão muito pouco explorada da história do Cangaço. Não fala só de
violência, traz relações, desejos, medos, necessidades, sonhos, paixões,
invejas, quebras de paradigmas. Uma releitura de uma história cheia de controvérsias.
Os autores George Moura, Sérgio Goldenberg e seus colaboradores foram
cirúrgicos a ponto de fisgar a atenção do espectador, onde muitos achavam que
não se tinha mais o que contar sobre o Cangaço.
Como foi contracenar com
outros nomes fortes do elenco, como Hermila Guedes e José de Abreu?
Contracenar com grandes nomes
da cinematografia e televisiva do nosso país, principalmente do nordeste e de
Pernambuco, é transitar em águas tranquilas. Porque é a certeza que do outro
lado as respostas virão na mesma intensidade ou maior. Fazendo com que as cenas
sejam vistas de formas verdadeiras e genuínas
O que mais te marcou durante
as gravações — alguma cena ou bastidor especial?
Foi a cena em que eu e meu
irmão fomos emboscadas em uma de minhas casas. Íamos guardar as mercadorias do
Governador Josué e Arduino estava dentro da casa e sem falar nada deu um tiro
na testa do meu irmão que caiu morto ao meu lado. Logo depois colocou a arma na
minha cara e pisou no meu peito e ameaçou matar meus netos se não entregasse
onde estava Josué. Foi uma cena forte.
A produção teve forte ligação
com a cultura nordestina. Isso influenciou seu envolvimento emocional com o
projeto?
Sim, todo o projeto estava
impregnado de nossa cultura, antes das cenas tinha sempre um caixa de som com
nossas músicas. Ver as roupas de cangaceiros, seus acessórios. Está onde
lampião e seu bando passou, dormiu, lutou. Foi muito emocionante. Está em um
set onde o nosso sotaque era o foco. Arrepiava.
Rosendo tem algum traço que
você identifica em si mesmo?
Sim, Rosendo tinha um amor
incondicional a sua família.
Como você enxerga o impacto da
série nas discussões sobre política, território e memória popular?
Que passemos a discutir as
ações dos que colocamos para fazerem as leis do nosso País, estado e municípios
. E que nunca deixemos marginalizar nossa história e nossas conquistas e
legado.
Que legado você espera que
Guerreiros do Sol deixe para o público e para o audiovisual brasileiro?
É importante entendermos que é fundamental estudarmos momentos de nossa história e que por vezes tentam marginalizar movimentos contrários ao coronelismo, escravista e opressor. Não podemos nos curvar sem lutar, sem acreditar em nossa liberdade.