quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Do barro ao metaverso, Vitória Vatroi explora a ancestralidade em projeto imersivo

 


A artista visual pernambucana Vitória Vatroi está prestes a inaugurar uma nova fase de sua pesquisa artística com o lançamento do projeto sensorial e imersivo "Magma - a noite em que ouvi o fogo". O evento, que ocorrerá no dia 16 de agosto a partir das 15h, no Box Preparação, bairro do Cordeiro, em Recife, apresentará um curta-metragem de animação e uma série de atividades interativas que convidam o público a mergulhar em um universo subterrâneo.

A experiência "Magma" é uma criação colaborativa com os artistas At4ci e Fracto, e foi concebida a partir da pesquisa da artista sobre memória, tempo, tecnologia digital, território e natureza. "Em Magma a gente pode perceber que a câmera ela acontece em primeira pessoa, então ela dá ao espectador uma sensação de que ele está vivenciando aquilo e aí a gente vai cair dentro de um buraco que é dentro desse mundo", explicou a artista sobre a proposta imersiva. O público será convidado a adentrar esse mundo subterrâneo, povoado por criaturas vivas feitas de barro.

O evento de lançamento vai além do filme e se propõe como um grande encontro entre a artista e o público. A programação gratuita inclui uma roda de conversa, uma exposição de esculturas, um jogo de metaverso com óculos VR, uma obra com projeção mapeada e uma vivência com barro ministrada pela própria Vitória Vatroi.

Da ancestralidade do barro à tecnologia

"Magma" é uma continuação do estudo da artista sobre a tradição ancestral do barro, que teve início com o curta-metragem afro-surrealista "Deságue". "É em Deságue que os ancestrais do Magma aparecem pela primeira vez, em uma interação/aparição compondo o universo fabulativo. Em Magma, sou motivada a trazer um diálogo entre arte e tecnologia, a fim de expandir as práticas e experimentações artísticas. O projeto é um convite a atravessar as camadas do tempo, a desvendar como o passado nos habita e desenhar outros futuros", ressalta Vatroi.

O curta "Deságue", que integrou a exposição "Alumbramento" no Museu Nacional da República em Brasília, fabula memórias negras a partir do barro e da terra. A obra nasceu da imersão da artista em Tracunhaém, cidade pernambucana conhecida por sua tradição ceramista e território ancestral de sua família. O filme, que pode ser conferido online aqui, é uma peça de performance art com temas espirituais e ritualísticos, apresentando cenas em vastas paisagens com canaviais e terra vermelha, além de máscaras cerâmicas e a trilha sonora de "Cazumbá", do pianista Amaro Freitas.

Para Vatroi, fazer parte da exposição em Brasília e representar Pernambuco foi um momento de celebração e fortalecimento coletivo. "Estar em Brasília para participar do Festival Latinidades, não só com a minha obra, mas enquanto artista, expande as possibilidades de encontros e oportunidades. Possibilita trocas com o público e com outros artistas, que são de várias regiões do país. Este é um momento de celebração, encontro e fortalecimento coletivo", salientou.

Sobre Vitória Vatroi

Com mais de 10 anos de trajetória nas artes visuais, Vitória Vatroi atua de forma multidisciplinar e independente. É integrante dos coletivos Arte Negra e Indígena (CARNI) e Trovoa/PE. Sua pesquisa investiga narrativas impostas à população negra, propondo novos caminhos a partir do corpo, da memória e da ancestralidade. Em 2024, a artista fundou o Estúdio Mawú, um espaço onde desenvolve coleções de luminárias e objetos, realiza pesquisas e colabora com mestres ceramistas.

Serviço:

Lançamento de “Magma – a noite em que ouvi o fogo”
Data: 16 de agosto
Horário: a partir das 15h
Local: Box Preparação (Rua Francisco Vita, 37. Cordeiro - Recife/PE)
Acesso: Gratuito