segunda-feira, 23 de junho de 2025

#SendoProsperidade com Mariângela Borba

 De Teerã ao seu Bolso: A Verdade Crua da guerra e a conexão com Pernambuco

Por Mariângela Borba

 

Olá você, leitor do #SendoProsperidade,  tudo bem? Você já deve ter ouvido falar sobre a escalada dos Estados Unidos contra o Irã, com bombardeios de instalações nucleares iranianas, e isso eleva drasticamente a inflação mundial. Desta vez,  vou só abordar a questão geopolítica e não humanitária, como na última semana- embora o humano sempre me preocupe, porque é o que nós somos: humanos demasiadamente humanos, parafraseando Nietzsche. 

Os EUA bombardearam três instalações nucleares iranianas. Ora, a gente já esperava que o Irã fosse responder, assim como também esperamos que o parlamento iraniano aprovasse fechar o Estreito de Ormuz (Strait of Hormuz), uma faixa no mar, controlada pelos iranianos que tem,  em média,  39 km, e nesta passa, aproximadamente, cerca de 33% de todo o petróleo que é consumido no planeta. Sendo assim,  se o Estreito de Ormuz é fechado,  o impacto no preço do petróleo é imediato e brutal.  Só para termos uma noção,  o mercado já está reagindo.  O barril de petróleo já voltou a disparar,  subiu mais de 4%. Essa era a carta na manga do Irã para atingir os EUA, mas a realidade é que nós estamos vivendo num ambiente de extrema insegurança geopolítica.

E o que é que isso tem a ver com o conosco? Bem,  a Petrobras é uma das maiores petroleiras  do mundo,  o Brasil já está entre os dez maiores produtores de petróleo mundiais e o que acontece quando o preço do barril sobe? A Petrobras continua  muito bem,  obrigada, com suas ações subindo,  mas o impacto é nosso,  recai no bolso do pequeno consumidor.  Sobe a gasolina  sobe o diesel e isso gera pressões inflacionárias não só no Brasil, mas pelo mundo inteiro.  Sem falar que atinge diretamente a economia dos EUA,  que entrou na guerra.  A alta do petróleo é uma das principais ameaças à economia norte americana.  Já na Europa, parte da energia elétrica é gerada a partir do petróleo,  o que impacta diretamente nos custos de energia, contribuindo para a inflação.  Logo, no Brasil há também um impacto indireto, mesmo a maior parte da energia nossa sendo hidroelétrica.

Por que tudo isso? Lógico! Porque petróleo mais caro significa inflação globalmente mais alta! E isso gera uma crise econômica em cadeia.  Não só o preço do combustível sobe, mas o transporte,  a produção,  a logística e, no final das contas,  tudo chega mais caro nas prateleiras, pois dificulta, também,  a redução das taxas de juros, ocasionando um efeito cascata na economia global (https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/economia/analistas-esperam-forte-alta-do-petroleo-pressao-sobre-inflacao-e-queda-da-bolsa-apos-ataque-ao-ira/).

Para além disso,  existe um impacto na importação e exportação brasileira.  O Irã é um dos maiores importadores de fertilizantes do Brasil, além de ser responsável pela compra anual de um terço do milho brasileiro.  Logo  com essa escalada norte americana no conflito,  o comércio pode dar uma travada e, caso você não saiba,  o Brasil é um dos maiores exportadores de petróleo bruto para Israel (https://fepal.com.br/exportacao-de-combustivel-do-brasil-para-israel-sobe-44-000-desde-2023/).

Ora, mas qual é o efeito disso no nosso Nordeste brasileiro, mais particularmente em Pernambuco? O Porto de Suape, no Cabo de Santo Agostinho,  tem cerca de 60% a 80% graneis  líquidos,  incluindo derivados de petróleo para refinaria e exportação e a Refinaria de Abreu e Lima processa cerca de 130 mil barris por dia (mbpd)  - https://br.linkedin.com/in/william-pires-da-silva-072b5425 - , e exporta para outros países,  incluindo Israel. 

Isso tudo para dizer que o petróleo mais caro causa não só inflação global,  atingindo diretamente o nosso bolso, gerando uma crise econômica em cadeia, que afeta desde os combustíveis, até os produtos básicos como: aumento de passagem de ônibus,  aumento na tarifação de transportes privados,  a exemplo dos serviços de Uber, alimentação básica mais cara, como cuzcuz, feijão,  macaxeira e, até mesmo a manga, uma vez que se o preço do fertilizante aumenta, o produtor tem que pagar mais e, consequentemente,  vender mais caro,  para poder ter o lucro e continuar com sua produção.  Logo,  cada bomba soltada no Irã, além de matar os inocentes de lá, tem impacto direto no nosso bolso.  Além disso,  a volatilidade cambial faz, com que haja um aumento nas importações, aumentando a dívida externa.  No entanto,  as classes sociais mais vulneráveis são mais afetadas com o aumento dos custos de fretes e de produtos essenciais como alimentos e bens industrializados. Caso o conflito se prolongue, a confiança dos investidores pode ser abalada levando a uma fuga de capitais e a um aumento da incerteza econômica  (https://veja.abril.com.br/economia/tensao-no-oriente-medio-pressiona-petroleo-inflacao-e-juros-no-brasil-dizem-especialistas/).

*Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana, pela Fafire, atuou como representante da Pastoral de Comunicação da AOR, onde realizou o Curso de Doutrina Social da Igreja e é membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, o também jornalista Edmundo Celso.