De Teerã ao seu Bolso: A Verdade Crua da guerra e a conexão com Pernambuco
Por Mariângela Borba
Olá você, leitor do #SendoProsperidade, tudo bem? Você já deve ter ouvido falar sobre
a escalada dos Estados Unidos contra o Irã, com bombardeios de instalações nucleares
iranianas, e isso eleva drasticamente a inflação mundial. Desta vez, vou só abordar a questão geopolítica e não
humanitária, como na última semana- embora o humano sempre me preocupe, porque
é o que nós somos: humanos demasiadamente humanos, parafraseando
Nietzsche.
Os EUA bombardearam três instalações nucleares iranianas. Ora,
a gente já esperava que o Irã fosse responder, assim como também esperamos que
o parlamento iraniano aprovasse fechar o Estreito de Ormuz (Strait of Hormuz),
uma faixa no mar, controlada pelos iranianos que tem, em média,
39 km, e nesta passa, aproximadamente, cerca de 33% de todo o petróleo
que é consumido no planeta. Sendo assim,
se o Estreito de Ormuz é fechado,
o impacto no preço do petróleo é imediato e brutal. Só para termos uma noção, o mercado já está reagindo. O barril de petróleo já voltou a
disparar, subiu mais de 4%. Essa era a
carta na manga do Irã para atingir os EUA, mas a realidade é que nós estamos
vivendo num ambiente de extrema insegurança geopolítica.
E o que é que isso tem a ver com o conosco? Bem, a Petrobras é uma das maiores petroleiras do mundo,
o Brasil já está entre os dez maiores produtores de petróleo mundiais e
o que acontece quando o preço do barril sobe? A Petrobras continua muito bem,
obrigada, com suas ações subindo,
mas o impacto é nosso, recai no
bolso do pequeno consumidor. Sobe a
gasolina sobe o diesel e isso gera
pressões inflacionárias não só no Brasil, mas pelo mundo inteiro. Sem falar que atinge diretamente a economia
dos EUA, que entrou na guerra. A alta do petróleo é uma das principais
ameaças à economia norte americana. Já
na Europa, parte da energia elétrica é gerada a partir do petróleo, o que impacta diretamente nos custos de
energia, contribuindo para a inflação. Logo,
no Brasil há também um impacto indireto, mesmo a maior parte da energia nossa sendo
hidroelétrica.
Por que tudo isso? Lógico! Porque petróleo mais caro
significa inflação globalmente mais alta! E isso gera uma crise econômica em
cadeia. Não só o preço do combustível
sobe, mas o transporte, a produção, a logística e, no final das contas, tudo chega mais caro nas prateleiras, pois
dificulta, também, a redução das taxas
de juros, ocasionando um efeito cascata na economia global (https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/economia/analistas-esperam-forte-alta-do-petroleo-pressao-sobre-inflacao-e-queda-da-bolsa-apos-ataque-ao-ira/).
Para além disso,
existe um impacto na importação e exportação brasileira. O Irã é um dos maiores importadores de
fertilizantes do Brasil, além de ser responsável pela compra anual de um terço do
milho brasileiro. Logo com essa escalada norte americana no
conflito, o comércio pode dar uma travada
e, caso você não saiba, o Brasil é um
dos maiores exportadores de petróleo bruto para Israel (https://fepal.com.br/exportacao-de-combustivel-do-brasil-para-israel-sobe-44-000-desde-2023/).
Ora, mas qual é o efeito disso no nosso Nordeste brasileiro,
mais particularmente em Pernambuco? O Porto de Suape, no Cabo de Santo
Agostinho, tem cerca de 60% a 80%
graneis líquidos, incluindo derivados de petróleo para
refinaria e exportação e a Refinaria de Abreu e Lima processa cerca de 130 mil barris
por dia (mbpd) - https://br.linkedin.com/in/william-pires-da-silva-072b5425
- , e exporta para outros países, incluindo
Israel.
Isso tudo para dizer que o petróleo mais caro causa não só
inflação global, atingindo diretamente o
nosso bolso, gerando uma crise econômica em cadeia, que afeta desde os
combustíveis, até os produtos básicos como: aumento de passagem de ônibus, aumento na tarifação de transportes privados, a exemplo dos serviços de Uber, alimentação
básica mais cara, como cuzcuz, feijão,
macaxeira e, até mesmo a manga, uma vez que se o preço do fertilizante
aumenta, o produtor tem que pagar mais e, consequentemente, vender mais caro, para poder ter o lucro e continuar com sua
produção. Logo, cada bomba soltada no Irã, além de matar os
inocentes de lá, tem impacto direto no nosso bolso. Além disso,
a volatilidade cambial faz, com que haja um aumento nas importações,
aumentando a dívida externa. No
entanto, as classes sociais mais
vulneráveis são mais afetadas com o aumento dos custos de fretes e de produtos
essenciais como alimentos e bens industrializados. Caso o conflito se
prolongue, a confiança dos investidores pode ser abalada levando a uma fuga de
capitais e a um aumento da incerteza econômica (https://veja.abril.com.br/economia/tensao-no-oriente-medio-pressiona-petroleo-inflacao-e-juros-no-brasil-dizem-especialistas/).
*Mariângela Borba é professora, jornalista profissional,
revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura
Pernambucana, pela Fafire, atuou como representante da Pastoral de Comunicação
da AOR, onde realizou o Curso de Doutrina Social da Igreja e é membro da
Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu
bisavô, o também jornalista Edmundo Celso.