Além dos 60 socos: um caminho para relacionamentos mais
saudáveis
Por Mariângela
Borba
Olá você leitor do #SendoProsperidade, tudo bem? Estou por
aqui trazendo mais uma pauta reflexiva e que nos leva ao viver em abundância, se bem apreendida. Você já parou para refletir
que muitas vezes a vida atual, com seu ritmo acelerado e excesso de informações
pode nos levar a priorizar atividades com maior fluidez em detrimento da
reflexão profunda? Talvez isso ocorre porque a busca constante por resultados
imediatos e a pressão para se manter produtivo terminem diminuindo o espaço e o
tempo para a contemplação e o questionamento. Sendo assim, sai tudo no piloto automático e a gente acaba
achando que está tudo bem. Só que não: quando vivemos no piloto automático
corremos o risco de nos acomodarmos e não questionarmos o que está ao nosso
redor. E é aí que está o problema, porque a reflexão nos permite analisar as
nossas ações, valores e crenças, e assim,
tomar decisões mais conscientes e alinhadas com o que realmente importa. É
importante darmos, de vez em quando, uma pausa e cultivarmos momentos de introspecção
para não perdermos a capacidade de pensar criticamente e de nos conectarmos com
a nossa essência, até porque a capacidade de refletir é inerente ao ser humano e
sempre encontra formas de se manifestar, mesmo em meio ao caos.
E por quê eu fiz essa introdução toda? Para trazer um artigo
analisando o caso do ex-jogador de basquete de 26 anos, o Igor Cabral, que desferiu 60 socos na namorada dentro do
elevador. 60 socos contra uma mulher que
confiava nele e se relacionava com ele, esse sim é mais um caso muito triste e
revoltante de violência contra a mulher. A desculpa apresentada pelo agressor,
de que ele estava sob o efeito de álcool e drogas não justifica, de forma alguma, a agressão, muito menos isenta a
responsabilidade dele sobre o crime. O uso de substâncias não é uma
justificativa para a agressão e a violência contra a mulher é inaceitável em
qualquer circunstância.
A crise nos relacionamentos é um fenômeno multifacetado, e a
falta de reflexão pode ser um dos fatores contribuintes. Quando as pessoas não
dedicam tempo para se conhecerem, entenderem suas necessidades e expectativas,
e comunicarem isso de forma clara, os relacionamentos podem se tornar superficiais
e insatisfatórios. Além disso, a busca
por soluções rápidas e fáceis, a
idealização do amor romântico e a pressão social para encontrar um parceiro podem
levar a escolhas impulsivas e a expectativas irreais. No entanto,
é bom sempre ter em mente que cada indivíduo e cada relacionamento são
únicos. Não existe uma fórmula mágica para
o sucesso amoroso. O
autoconhecimento, a comunicação aberta e
o respeito mútuo são elementos essenciais para construir relacionamentos
saudáveis e duradouros. E olha que quando falo em diversas nuances me refiro a diversos
fatores que podem influenciar a crise nos relacionamentos. Alguns exemplos incluem:
mudanças nos papéis de gênero, expectativas
irreais sobre o amor romântico, a
influência das redes sociais, a dificuldade em lidar com a individualidade e a
busca por autonomia, a falta de habilidades
de comunicação e a resolução de conflitos,
traumas passados e a dificuldade de se comprometer. Cada um desses fatores pode se manifestar de
diferentes formas e em diferentes intensidades, tornando cada relacionamento
único e complexo. Além disso, a combinação de vários desses fatores pode
criar um cenário ainda mais desafiador.
Talvez por essas sucessivas agressões às mulheres, venha crescendo um sentimento chamado heteropessimismo:
uma reação às experiências negativas e às dificuldades encontradas nos
relacionamentos heterossexuais. É uma
forma de expressar frustração e desilusão com as dinâmicas de gênero e
expectativas tradicionais. É um termo que descreve um sentimento de desilusão
ou pessimismo em relação aos relacionamentos heterossexuais, muitas vezes acompanhado de frustração com as
normas de gênero e as expectativas tradicionais. Sim, é um tema complexo e multifacetado. Graças
a Deus, a vítima entrou para a
estatística das mulheres que escaparam com vida de uma agressão mas,
provavelmente, vai entrar no hall das heteropessimistas.
De acordo com a psicóloga Luciana Bricci,
o heteropessimismo é um termo que se refere ao sentimento de desilusão,
ceticismo ou desconfiança generalizada em relação aos homens, especialmente no contexto de relacionamentos afetivos. E,
consultando também uma outra psicóloga sobre o tema, a Gabriela Medeiros, ela disse ter uma visão
positiva sobre o heteropessimismo: “não acredito que o heteropessimismo deva
ser ‘revertido’, pois o enxergo como um avanço cultural. Ele é um sinal de que
as mulheres estão questionando seu papel social e rejeitando dinâmicas que,
antes, aceitavam por pressão ou convenção”. Calma, vamos parar por aqui porque essa
pode ser uma pauta para um próximo artigo.
A questão que não tem sido muito abordada sobre o agressor é que não foi apenas surto claustrofóbico, como ele, já preso, alegou, visando, talvez, redução de pena. Depois do crime vir à tona, uma mulher trans expôs, por prints, conversas íntimas que teve com o indivíduo, ou seja, o machão hétero conservador tinha uma vida paralela que ele negava para a namorada e, consequentemente, para a sociedade. Além disso, um homem que preferiu permanecer anônimo revelou que teve um relacionamento secreto, de cerca de oito meses, com o tal agressor de mulheres (https://www.terra.com.br/diversao/gente/agressor-dos-60-socos-traia-mulher-com-outros-homens-e-teve-conversa-exposta-por-trans,3775a34fa8d63bbf0a87e81a3591afaau7ck1iux.html).
Isso só prova que o surto foi seletivo. Por quê? Ora, ele não agrediu os homens
que o contiveram e nem ninguém, ao menos supostamente, mais forte que ele. Esse foi um ato de um
covarde que projetou a sua própria repressão. Sessenta socos não pode ser
considerado surto, uma vez que este não
é seletivo. Foi um ato de um covarde que projetou a sua repressão em quem ele
considerava mais fraca. Do mesmo jeito que foi uma mulher, poderia ter sido um idoso ou uma criança,
alguém em situação de vulnerabilidade.
Sempre os mais fracos e que,
supostamente, não podem revidar.
Foi covardia pura, não surto! Aceitar quem se é sempre será melhor que virar um
mostro que ataca os vulneráveis. Já
cantavam os Menudos na minha infância, lá nos idos dos anos ‘80: “não se
reprima!” Um verdadeiro convite para ser autêntico, como minha avó, de feliz memória, me ensinou, a expressar os desejos e emoções sem
medo ou restrições.
Mariângela Borba é professora, jornalista profissional, revisora credenciada, social media, Produtora Cultural, especialista em Cultura Pernambucana pela Fafire. Foi secretária executiva do MinC, secretária de Imprensa de Paulista (PE), membro do Conselho Municipal de Política Cultural e do Colegiado Nacional de Teatro, atuou como representante da Pastoral de Comunicação da AOR, onde realizou o Curso de Doutrina Social da Igreja e é membro da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) que teve como um dos fundadores, seu bisavô, o também jornalista Edmundo Celso.