domingo, 2 de novembro de 2025

#SendoProsperidade com Mariângela Borba

A Escola como Fronteira na Batalha pela Saúde Mental

*Por Mariângela Borba

 

Olá você leitor da coluna #SendoProsperidade aqui no blog da Taís Paranhos, tudo bem? Dando continuidade ao tema sobre o excesso do uso de telas na atualidade, na coluna de hoje abordo sobre o uso de celulares nas escolas do Brasil.

A Lei 15.100/2025 (https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2025/fevereiro/restricao-ao-uso-do-celular-nas-escolas-ja-esta-valendo) sobre restrição de uso de celulares nas escolas do Brasil é um ponto nevrálgico que aborda diretamente as questões de saúde mental e socialização.  A lei proíbe o uso de dispositivos portáteis por estudantes em todos os níveis de Educação Básica (Infantil,  Fundamental e Médio), cobrindo aulas,  intervalos e atividades extracurriculares em escolas públicas e privadas com o objetivo central de proteger a saúde mental,  física e psicológica dos jovens, visando melhorar a concentração,  o aprendizado e, crucialmente, promover a interação social presencial, combatendo o isolamento digital.  A lei obriga as redes de ensino a desenvolverem estratégias ativas para abordar a saúde mental, incluindo a conscientização sobre os riscos do uso excessivo de telas – como ansiedade e dependência digital-, além da criação de espaços de escuta e apoio para os alunos. Para tal,  as instituições de ensino devem,  também,  desenvolver e implementar programas contínuos para educar não só os alunos,  como pais e funcionários sobre os riscos dos usos excessivos de telas, dependência digital e o impacto na saúde mental e física (https://multi.rio/index.php/noticias/18577-multirio-educacao-midiatica-aulas-escolas-celular-lei).

De acordo com o psicólogo e antropólogo José Fernando dos Santos,  “a socialização digital na primeira infância, através da digitalização, é onde o nosso próprio corpo pode se tornar estranho ao nosso cérebro, moldando o psiquismo e, por sua vez,  atingindo a fisiologia humana.  A neurodivergência se dá por fatores sócio-psíquicos-biológicos e isso só faz com que cheguemos a uma ‘pandemia de divergentes’, uma vez que o meio social interfere e modifica a anátomo-fisiologia neural”. Logo, essa percepção de ‘pandemia de neurodivergentes’, citada pelo psicólogo José Fernando dos Santos,  especialmente no que tange ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), não significa necessariamente que há um aumento biológico da condição,  mas sim um aumento significativo nos diagnósticos.  E, ao ser abordado dessa maneira,  Santos assevera que tem muitas ressalvas quanto a esses diagnósticos, e atesta: “geralmente,  tenho uma opinião divergente. (risos) Acredito muito pouco nos fatores biológicos; não existe uma só célula que já não tenha sido alterada por fatores sociais,  históricos e culturais através dessa porta de entrada chamada psiquismo que,  por sua vez,  atinge a nossa fisiologia humana”. E complementa: “a extrema exposição interativa desde a primeira infância, nutrem circuitos elétricos neurológicos capazes de promover espasmos e danos irreversíveis, impossibilitando o cérebro de captar e de guardar as micro percepções e externas, que,  em situações de normalidade, seriam capazes de interagir o sujeito ao meio, à socialização. Sendo assim,  o cérebro,  consequentemente o psiquismo,  é que passam a fazer parte integrante das redes digitais e não do próprio corpo. Assim, todo o organismo é percebido como um corpo estranho e, desta maneira,  o cérebro se conecta aos valores dos Algoritmos que, consequentemente,  são diferentes daqueles que são humanos”. E, como um ar de riso, José Fernando conclui dizendo “eu sou o monstro pouco humano e muito digital que vos fala!”

É válido mencionar que o sucesso da lei depende da adesão institucional por meio de estratégias claras e foco no bem-estar do aluno.  Logo,  equilibrar a proibição com a necessidade de usar a tecnologia para fins estritamente pedagógicos, conforme permitido por lei em certas situações, é um desafio.   “Não dá para falar em proibição, que é uma ação radical, se a gente não educar as crianças verdadeiramente para um uso consciente da tecnologia”, afirma a educadora Débora Garofalo.

Para a professora,  não adianta a escola proibir e os pais continuarem permitindo o uso de forma liberada,  sem uma rotina e dispara: “a família vai precisar aprender com esse processo. Não adianta a escola proibir celular e os pais continuarem deixando usar  cinco horas seguidas em casa”, conclui. Portanto, é fundamental que os pais compreendam a importância da medida e apoiem as escolas na implementação da proibição: a colaboração entre as escolas e a família é essencial para que as crianças,  adolescentes e jovens possam se beneficiar de uma vida mais saudável.

 

 *Mariângela Borba é comunicadora multifacetada, jornalista diplomada, revisora credenciada, uma social media expert se aventurando pelos estudos da psicanálise. Produtora Cultural com presença nos Conselhos municipais e nacionais de cultura, além de expertise em Cultura Pernambucana. Teve passagem pela secretaria Executiva do MinC, Regional Nordeste, e também Secretaria de Imprensa de Paulista (PE), além de ter circulação pelas conceituadas editorias de jornais e rádios de Pernambuco. Premiada e com produção bibliográfica na área de cultura. Membro da AIP, com um com um bisavô fundador que também era jornalista.