Beleza Cansada: Entre A Resiliência E A Armadilha da
Produtividade Excessiva
Por Mariângela
Borba.
Olá você leitor do #SendoProsperidade, tudo bem? Hoje trago um tema um tanto quanto
instigante para a nossa coluna. Afinal,
você já ouviu falar no cansaço como forma de beleza? Confesso que nunca
havia pensado nele como tendência de beleza,
mas, pensando bem, até que, talvez,
haja uma beleza na resiliência e na autenticidade que só o cansaço
revela. Ora, quem nunca se sentiu
belamente exausto após uma jornada intensa de trabalho ou um mergulho profundo
nos livros? Ai, ai, seria o cansaço o novo brilho que as pessoas – geralmente
desocupadas, claro! - estariam precisando para se sentirem com uma aparência
melhor?
Essa tal de “tired Girls make-up” (maquiagem das
garotas cansadas, numa tradução literal), vem se tornando uma tendência super
popular entre as garotas da geração Z que termina invertendo as normas de beleza
tradicionais, com a ideia de abraçar uma aparência de cansaço proposital, como
se aquela garota não tivesse dormido bem (https://www.cnn.com/2025/08/13/style/jenna-ortega-tired-girl-makeup-tiktok-trend).
Basicamente, a
aparência envolve uma pele mais pálida, olhos
levemente borrados e com olheiras profundas e destacadas. Pasmem! Mas para
conseguir o efeito as mocinhas chegam a usar base em excesso, corretivo, um pigmento cremoso avermelhado
embaixo dos olhos, máscara de cílios e, até mesmo, cílios postiços. Pelo que andei
pesquisando, tem gente, até, usando tutoriais de 12 passos para alcançar o
visual dessa nova vibe aí.
Pode até parecer interessante ou engraçado para alguns. Por
um lado, parece ser bem legal mesmo desafiar
os padrões de beleza tradicionais e abraçar a autenticidade, a “beleza na
resiliência”. Afinal, quem nunca se
sentiu linda mesmo estando exausta? Logo,
por outro lado, chega a ser
irônico, para não dizer patético, transformar o cansaço em “tendência”. Parece
que a gente anda tão exausto que terminou virando moda parecer um zumbi.
A verdade é que não adianta querer romantizar o cansaço e o
excesso de trabalho, porque isso só traz impactos negativos na saúde mental e
física. A “cultura da produtividade” e a
glamourização da correria nas redes sociais contribuem para o aumento do
estresse, da ansiedade e do burnout.
Esta síndrome do esgotamento profissional é um estado de exaustão emocional, física e mental causado por um estresse prolongado ou excessivo.
É preciso, na
realidade, ter consciência de que o
trabalho não deve gerar sofrimento. No melhor dos cenários, o trabalho deve estar alinhado com nosso propósito,
os resultados obtidos devem nos trazer felicidade e as relações devem ser
harmônicas com espaço para feedbacks e conversas abertas sobre saúde, expectativas e felicidades. É necessário uma mudança em relação ao
excesso de trabalho. Somos todos humanos, feitos de carne, ossos e coração. E, além disso, todo mundo sangra! Faço um forte apelo aos
leitores deste artigo que humanizem as relações com aqueles que amamos. A vida tem
amor e tem dor. Também é dura e gera caos. Não é de tudo as faltas, mas, às vezes, os excessos. O desafio é o
equilíbrio desse balançar em cada ser humano que vive a sua história, a sua verdade e a sua realidade. A pressão para ter um bom desempenho e a
exaustão resultante podem levar a uma sensação de desapego e falta de sentido.
É tudo isso o que está por trás do cansaço. Então, para quê querer romantizá-lo?
Mariângela Borba é comunicadora multifacetada, jornalista profissional, revisora credenciada e social media expert. Produtora Cultural com expertise em Cultura Pernambucana (FAFIRE). Ex-Secretária Executiva do MinC e também ex-Secretária de Imprensa de Paulista (PE). Premiada e com produção bibliográfica na área de cultura. Membro da AIP, com um bisavô fundador que também era jornalista, Edmundo Celso.