domingo, 31 de agosto de 2025

#SendoProsperidade com Mariângela Borba

 


Beleza Cansada: Entre A Resiliência E A Armadilha da Produtividade Excessiva

Por Mariângela Borba.

 

Olá você leitor do #SendoProsperidade,  tudo bem? Hoje trago um tema um tanto quanto instigante para a nossa coluna. Afinal,  você já ouviu falar no cansaço como forma de beleza? Confesso que nunca havia pensado nele como tendência de beleza,  mas, pensando bem,  até que,  talvez,  haja uma beleza na resiliência e na autenticidade que só o cansaço revela. Ora,  quem nunca se sentiu belamente exausto após uma jornada intensa de trabalho ou um mergulho profundo nos livros? Ai, ai, seria o cansaço o novo brilho que as pessoas – geralmente desocupadas, claro! - estariam precisando para se sentirem com uma aparência melhor?

Essa tal de “tired Girls make-up” (maquiagem das garotas cansadas, numa tradução literal), vem se tornando uma tendência super popular entre as garotas da geração Z que termina invertendo as normas de beleza tradicionais, com a ideia de abraçar uma aparência de cansaço proposital, como se aquela garota não tivesse dormido bem (https://www.cnn.com/2025/08/13/style/jenna-ortega-tired-girl-makeup-tiktok-trend).

Basicamente,  a aparência envolve uma pele mais pálida,  olhos levemente borrados e com olheiras profundas e destacadas. Pasmem! Mas para conseguir o efeito as mocinhas chegam a usar base em excesso,  corretivo, um pigmento cremoso avermelhado embaixo dos olhos, máscara de cílios e, até mesmo,  cílios postiços. Pelo que andei pesquisando,  tem gente, até,  usando tutoriais de 12 passos para alcançar o visual dessa nova vibe aí.

Pode até parecer interessante ou engraçado para alguns. Por um lado,  parece ser bem legal mesmo desafiar os padrões de beleza tradicionais e abraçar a autenticidade, a “beleza na resiliência”. Afinal,  quem nunca se sentiu linda mesmo estando exausta?  Logo,  por outro lado,  chega a ser irônico,  para não dizer patético,  transformar o cansaço em “tendência”. Parece que a gente anda tão exausto que terminou virando moda parecer um zumbi.

A verdade é que não adianta querer romantizar o cansaço e o excesso de trabalho, porque isso só traz impactos negativos na saúde mental e física.  A “cultura da produtividade” e a glamourização da correria nas redes sociais contribuem para o aumento do estresse,  da ansiedade e do burnout. Esta síndrome do esgotamento profissional é um estado de exaustão emocional,  física e mental causado por um estresse  prolongado ou excessivo.

É preciso,  na realidade,  ter consciência de que o trabalho não deve gerar sofrimento. No melhor dos cenários,  o trabalho deve estar alinhado com nosso propósito, os resultados obtidos devem nos trazer felicidade e as relações devem ser harmônicas com espaço para feedbacks e conversas abertas sobre saúde,  expectativas e felicidades.  É necessário uma mudança em relação ao excesso de trabalho. Somos todos humanos, feitos de carne,  ossos e coração.  E, além disso,  todo mundo sangra! Faço um forte apelo aos leitores deste artigo que humanizem as relações com aqueles que amamos. A vida tem amor e tem dor. Também é dura e gera caos. Não é de tudo as faltas,  mas, às vezes, os excessos. O desafio é o equilíbrio desse balançar em cada ser humano que vive a sua história,  a sua verdade e a sua realidade.  A pressão para ter um bom desempenho e a exaustão resultante podem levar a uma sensação de desapego e falta de sentido. É tudo isso o que está por trás do cansaço. Então,  para quê querer romantizá-lo?

 

Mariângela Borba é comunicadora multifacetada, jornalista profissional, revisora credenciada e social media expert. Produtora Cultural com expertise em Cultura Pernambucana (FAFIRE). Ex-Secretária Executiva do MinC e também ex-Secretária de Imprensa de Paulista (PE). Premiada e com produção bibliográfica na área de cultura. Membro da AIP, com um bisavô fundador que também era jornalista, Edmundo Celso.