domingo, 3 de agosto de 2025

Elenco de "A Baleia" conversou com a imprensa e agora celebra sucesso da temporada na capital pernambucana

 


Em um bate-papo revelador no Recife, onde a aclamada peça "A Baleia" encerra sua temporada hoje no Teatro Dona Lindu, o elenco compartilhou insights sobre os desafios e as profundas temáticas abordadas na produção. A conversa destacou as diferenças entre a montagem teatral e sua adaptação cinematográfica, a complexidade dos personagens movidos pela culpa, e o impacto emocional que o espetáculo provoca na plateia.

Um dos pontos centrais da discussão foi a comparação entre a peça e o filme "A Baleia". O ator José de Abreu foi enfático ao afirmar a superioridade da versão teatral. "A peça é bem melhor", declarou , adicionando que "o autor assumiu que prefere a peça". A principal crítica à adaptação cinematográfica reside no fato de que Hollywood, ao buscar um público mais amplo, "mexeu na história" e "dá tudo de presente para o espectador". 

No teatro, por outro lado, a narrativa permite que o público vá "montando o quebra-cabeça" a cada cena e palavra. Foi ressaltado também que o humor, presente na peça, foi suprimido no filme. Como exemplo, a agressividade da personagem da filha na peça é descrita como "homérica" e "genial", enquanto no filme, ela "conta tudo", tornando a situação mais explícita.


A Culpa como Motor e a Complexidade Humana

Os atores aprofundaram-se na psique dos personagens, com a culpa emergindo como um tema central. É um sentimento "muito complicado da gente resolver e infelizmente todos nós nos pegamos em algum momento movidos pela culpa"7. A personagem Liz, interpretada por Luísa Thiré, exemplifica essa entrega. Ela é uma mulher "40 mais, que abriu mão da vida dela, pessoal" para cuidar do cunhado Charlie, e, anteriormente do irmão dele, Alan.

A discussão também abordou a culpa sob a ótica da religião, com a referência ao pecado original. O "erro" do protagonista Charlie foi "amar e se entregar ao amor", não suportando "a culpa de viver aquele amor". A peça, nascida da experiência do autor que foi expulso de uma escola cristã por se declarar gay aos 17 anos, transcende a questão da homossexualidade para explorar as "relações humanas na sociedade" como um todo, tocando pessoas de "todas as idades, classe, raça, orientação sexual". 




Desafios e Emoções em Cena

O elenco detalhou os desafios físicos e emocionais da produção. José de Abreu revelou a dificuldade inicial de usar o figurino especial e a exigência de uma técnica de respiração específica para o personagem, que o levou a "passar mal nos ensaios" devido à hiperventilação. A produção contou com o apoio da endocrinologista Dra. Priscila Gil, que forneceu dicas práticas sobre o cuidado de pessoas obesas e o manejo de situações como engasgos.

Apesar da intensidade dramática, os atores enfatizaram que a peça não é apenas triste, possuindo "momentos de humor". A "mesma qualidade interpretativa do elenco" foi destacada, com todos os artistas "no mesmo nível" de entrega. Para eles, o maior desafio atual é saber se a mensagem e a emoção do espetáculo estão "chegando nas pessoas" da forma pretendida. "A Baleia" promete uma experiência impactante e reflexiva, convidando o público a uma jornada pelas complexidades da culpa, do perdão e das relações humanas, em sua despedida do Recife no Teatro Dona Lindu.